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Uso do cinto de segurança no banco traseiro reduz risco de morte em 75%

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Há uma semana, o cantor Cristiano Araújo e sua namorada, Allana Moraes, morriam em um acidente automobilístico chocando todo o país e trazendo à tona um dos assuntos mais questionados do momento: o uso do cinto de segurança, principalmente no banco traseiro dos veículos.

O casal estava num automóvel considerado um dos mais seguros do mundo, a Range Rover, e trafegando numa rodovia considerada boa. Mas isto não foi suficiente para evitar a morte do cantor e da namorada, já que eles provavelmente não usavam cinto no banco traseiro.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) revelou que 79,4% dos brasileiros possuem o hábito de usar o cinto nos bancos da frente, entretanto, nos assentos traseiros, este costume cai pra 50%. Especialistas em trânsito dizem que andar no banco traseiro é mais seguro que na frente. No entanto, se o passageiro não estiver usando os cintos, o risco de se machucar ou morrer num acidente é maior do que estar no banco da frente. Esta comparação está na página do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Segundo o ortopedista Daniel Ramallo, do Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Rio de Janeiro (Into), um estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%.

De acordo com o especialista , a maioria dos motoristas sabe da importância do equipamento para a segurança.  Mas, os passageiros nem sempre têm essa consciência. “A maioria das vezes,  o passageiro entra no banco de trás e não se preocupa em colocar o cinto. O motorista não faz o alerta de que ele deve utilizar o cinto de segurança. Esse equipamento que tem uma importância fundamental e pode salvar vidas”, orienta  Ramallo, lembrando que segundo dados da Sociedade Brasileira de Ortopedia, 92% dos passageiros não usam o cinto.

“Em cada mil pessoas que morrem, em torno de 50, estão envolvidas diretamente ao não uso do cinto de segurança”, fala o ortopedista , lembrando que em uma batida a 50 km/h, a criança no banco de trás, por exemplo,  sem o cinto vai parar na frente do veículo. Chocando-se com o vidro e podendo até ser lançada fora do veículo.

Daniel Ramallo alerta que os riscos para os adultos são ainda maiores. “ Quanto maior o passageiro, maior também o impacto no caso de uma batida sem a proteção.Com uma criança o impacto pode chegar a uns 300 kg de impacto. Se fosse um adulto para mesma velocidade chegaria a uma tonelada”, esclarece o ortopedista.

O médico explica que em uma colisão, o motorista sem cinto, por exemplo, pode bater o peito no volante e a cabeça no vidro. “ Se estiver de cinto, bem provavelmente baterá a cabeça somente no volante, impacto que pode ser evitado caso o veículo tenha airbag. Mas, na comparação entre os dois itens de segurança, o cinto é 90% mais importante e não pode ser substituído pelo airbag” diz o ortopedista.

Outro tipo de colisão é a dos órgãos internos do corpo humano contra a própria estrutura óssea, como por exemplo, o cérebro contra o crânio, o pulmão e/ou coração contra a caixa torácica, etc. “Nesses casos, o uso do cinto salva vidas porque além de absorver o impacto, distribui o restante da “pancada” pelos pontos mais fortes do corpo, evitando lesões internas” explica Ramallo, lembrando que o cinto de segurança evita que a pessoa seja arremessada pra fora do carro. “A chance de sobreviver num acidente é cerca de cinco vezes maior se a vítima permanece dentro do automóvel” acrescenta o médico.

 

Não usar é perigo pra todos

Um vídeo da ONG Observatório Nacional de Segurança Viária mostra como é a dinâmica de passageiros sem cinto no banco de trás, durante um acidente. Se o veículo estiver a 60 quilômetros por hora e bater contra um muro, por exemplo, um passageiro sem cinto no banco de trás e que pesa cerca de 60 quilos é arremessado a um peso 15 vezes maior que o seu, ou seja, vira um objeto de quase uma tonelada. “É como levar um elefante no banco de trás”, analisa o ortopedista.

A pancada também faz com que esta pessoa seja arremessada em duas direções: pra frente e pra cima. Assim, ela corre o risco de bater a cabeça no teto, dobrar o pescoço pra trás e causar uma flexão extrema na coluna cervical, lesão que pode paralisar várias partes do corpo pra sempre, se não levar à morte.

“Com todo este peso arremessado pra frente, o passageiro sem cinto no banco de trás pode até matar o motorista ou passageiro do banco da frente, ao impactar com eles. Este passageiro traseiro ainda pode bater em diversos outros objetos dentro e fora do carro, causando diversas fraturas e rompimento de veias importantes do corpo. Estas foram as prováveis causas da morte do cantor sertanejo e sua namorada”, finaliza Daniel Ramallo.