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Academia Nacional de Medicina comemora 186 anos  

Presidente da instituição destaca luta por melhor ensino e assistência médica

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A Academia Nacional de Medicina (ANM) comemorou seu 186° aniversário de fundação nesta terça-feira (30), em sessão solene comemorativa em sua sede, no Centro do Rio de Janeiro. Pietro Novellino, presidente da instituição pelo terceiro mandato, destacou o esforço cada vez maior para aproximar a academia da comunidade, e a luta por um ensino médico e relação entre médico e paciente melhores.

"A Academia, apesar de manter as suas tradições, acompanhou sempre a dinâmica dos tempos, e a evolução da medicina", destacou Novellino em conversa com o JB.

A primeira página do estatuto da ANM determina que ela foi criada para assessorar o governo nos grandes temas de saúde pública e no ensino médico. Com a criação dos conselhos regionais e federais de Medicina, do Ministério da Saúde e da Educação, contudo, a Academia deixou de ter o papel que tinha, mas seguiu sendo respeitada e ajudando a pautar o debate sobre saúde pública. 

No mandato anterior, por exemplo, Novellino criou o programa Uma Tarde na Academia, voltado para estudantes de graduação em medicina, que oferece contato e intercâmbio de conhecimentos com as maiores autoridades no assunto. Na semana passada, Novellino foi empossado como doutor Honoris Causa da Academia Brasileira de Filosofia (ABF). 

>> Pietro Novellino é empossado como Honoris Causa da Academia de Filosofia

Atualmente, a ANM conta com 100 membros titulares. Novos membros entram apenas quando um deles morre, ou quando completa 25 anos de casa e escolhe se tornar emérito. O processo de seleção é muito rigoroso, define Novellino. O candidato precisa apresentar uma tese inédita, que é analisada por uma comissão e passa por sessões de votação. 

"Isto não significa que a Academia seja elitista, há um esforço cada vez maior de aproximar a Academia da comunidade", salienta Novellino, que acredita que é fundamental a luta por um ensino médico melhor, assim como por uma melhor assistência aos pacientes. 

De acordo com ele, a Academia e o Conselho Federal de Medicina planejam a realização de um simpósio sobre ensino médico. "O estudante hoje está habituado aos avanços tecnológicos, que são importantes. Mas o médico não pode perder a sua essência de ser médico, que é o humanismo e a compaixão."

Henrique Batista, secretário geral do Conselho Federal de Medicina (CFM), foi um dos presentes na sessão comemorativa. "É um satisfação estar presente nessa comemoração, pela importância que a Academia representa para o Brasil", comentou, destacando a contribuição de Novellino na Comissão de Humanidades do CFM.

Para Batista, é muito importante esse esforço para retomar a qualificação humanística na formação dos médicos, o cuidado para preservar a relação entre médico e paciente. "São esforços muito importantes para recuperar o exercício ético da medicina."

Nesta quinta-feira (2), será realizada a eleição para a presidência da ANM. No dia 14 de julho, o novo presidente tomará posse na instituição que surgiu depois que um médico brasileiro, Joaquim Cândido Soares de Meirelles, mineiro de Congonhas de Sabará, hoje chamada Nova Lima, pós-graduado em Medicina e Cirurgia na Europa, conheceu as sessões da Academia de Medicina de Paris, e idealizou uma associação que promovesse reuniões para aperfeiçoar os conhecimentos dos médicos. 

No dia 30 de junho de 1829, com 17 membros, a associação foi instalada na Santa Casa da Misericórdia, intitulada Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, sob a presidência do fundador. No ano seguinte, foi realizada a primeira sessão oficial com a presença de D. Pedro I. Em 1835, passou a ser a Academia Imperial de Medicina (AIM) e, em 1889, o governo provisório comunicou a mudança para Academia Nacional de Medicina. Em 1958, instalou-se na atual sede, em sessão que contou com a presença de Juscelino Kubitschek.