O planeta vermelho, Marte, sempre aparece como o próximo passo em questão de exploração espacial para os terráqueos, principalmente por suas características parecidas com as da Terra: temperatura, tamanho e, é claro, proximidade. Apesar disso, os cientistas e engenheiros da Nasa estão planejando criar colônias flutuantes sobre um outro vizinho: Vênus. O plano da agência espacial é ousado, levando em conta a atmosfera do planeta, que tem temperaturas de quase 500º e pressão atmosférica de 92 atm – a pressão na Terra é, em média, 1 atm.
A superfície do planeta é impossível para os humanos, mas para Dale Arney e Chris Jones, da Divisão de Missão e Analise Espacial da Nasa, a ideia é viver nas nuvens. Os cientistas propõem que a viagem para o planeta ocorra antes dos humanos pisarem em Marte. “A grande maioria das pessoas quando ouve a ideia de explorar Vênus, pensa na superfície, onde é quente o suficiente para derreter chumbo e a pressão é a mesma como se você estivesse a mais de um quilômetro pro fundo do mar”, disse Jones. “Eu acho que ninguém observou a atmosfera relativamente muito mais hospedeira do planeta”, completou.
Os cientistas descobriram que a 50km acima da superfície, Vênus oferece uma atmosfera com a pressão e a gravidade praticamente iguais às que conhecemos na Terra. A ocupação do corpo celeste deverá ser feita em etapas. A primeira com o envio de uma sonda para descrever e entender as condições do local. A próxima, uma missão tripulada na órbita. A nave, chamada HAVOC, um acrônimo para "conceito operacional de alta altitude em Vênus", na sigla em inglês, será mais leve do que o ar e levará os dois astronautas para fazer a missão de reconhecimento, que duraria 30 dias e, em seguida, outras naves com a tripulação humana antecedendo a ocupação permanente.
A tarefa de abrigar seres humanos em um planeta tão pouco hospitaleiro não é nada fácil. Para que humanos possam se instalar em Vênus, os cientistas da Nasa planejam desenvolver um dirigível com cerca de 34 metros de altura, 130 metros de comprimento e mil metros quadrados de painéis solares, para fazer a captação de energia. Tal espaçonave seria levada para o planeta Vênus por um foguete e as tripulações serão transportadas por outras naves, capazes de se acoplar à principal.
A possibilidade de criar uma colônia humana em um planeta vizinho que não seja Marte anima os cientistas. Mas eles afirmam que os planos não atrapalham ou acabam com a ideia de popular o planeta vermelho, tanto que a agência espacial norte-americana tem como prioridade as viagens até Marte pelos próximos cinco anos.
*Do Programa de Estágio do JB