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Cirurgias de endometriose por robôs serão apresentadas em congresso

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Serão realizados nesta sexta-feira e sábado (12 e 13 de dezembro), no Hotel Everest, em Ipanema,  o 17º Congresso Endometriose in Rio e o 2º Congresso Mioma in Rio, que vão debater, entre outros temas, o aumento da endometriose no mundo, especialmente em mulheres mais jovens, e as grandes novidades que são as novas armas para diagnosticar e tratar a doença, como as ressonâncias magnéticas para o diagnóstico precoce e  cirurgias realizadas por Robôs, com muito mais precisão, menos dor no pós-operatório e recuperação mais rápida.  As cirurgias de endometriose por Robô já estão sendo feitas no Brasil e no Rio.

Nos anos 80, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos iniciou um projeto a fim de desenvolver um programa de cirurgia remota para campos de guerra. A ideia (semelhante aos aviões não tripulados atuais) foi de substituir médicos por robôs e minimizar as perdas nos conflitos. Desde então, a telecirurgia avançou e, em 1995, a empresa Intuitive Surgical foi fundada e lançou seu primeiro robô cirúrgico, o Da Vinci, no mercado (ano de 2000) para utilização em cirurgias laparoscópicas.

O robô foi sendo adaptado ao longo dos anos e, nos dias atuais, ajuda os cirurgiões a realizar cirurgias minimamente invasivas com suas inúmeras funções e facilidades. Os últimos modelos foram construídos com visão 3D, com qualidade HD (1080i) e instrumentais cada vez mais modernos e eficientes. Em um futuro próximo, novas tecnologias estarão sendo incorporadas ao Robô (realidade virtual, feedback háptico), facilitando e aperfeiçoando o trabalho da equipe cirúrgica e os resultados finais para os pacientes.

O Robô da Vinci

O sistema da Vinci® é o único sistema robótico comercialmente disponível que fornece ao cirurgião controle intuitivo, movimentos em escala e manipulação de tecidos delicados. Tem visualização 3-D dando características de cirurgia aberta, permitindo que o cirurgião trabalhe através de pequenas incisões, característica das cirurgias minimamente invasivas.

 Os benefícios da Cirurgia Robótica são: Visualização da imagem em alta definição (1080p) com ampliação de 10x e visualização em 3D, melhor detalhamento dos planos dos tecidos, movimento escalonado com filtração de tremor,  melhor ergonomia para o cirurgião (console cirúrgico), uso de pequenas incisões, retorno mais rápido às atividades diárias, menor tempo de hospitalização, menor perda de sangue e menor taxa de transfusão, redução da dor (a maioria dos pacientes não necessita de medicamento para controle da dor após a alta) e menor risco de infecção.

Segundo o Dr. Claudio Crispi, presidente da SOBRACIL- Sociedade Brasileira de Videocirurgia e do Congresso, a Endometriose continua crescendo no Brasil, principalmente entre as mulheres mais jovens, por falta de informação de pacientes e profissionais de saúde. É uma doença silenciosa que vem causando devastação no organismo feminino, e está virando caso de saúde pública no país.  A Endometriose  como  é de difícil diagnóstico,  uma vez que os sintomas são comuns a várias doenças, destrói vários órgãos das pacientes, até ser descoberta. 

Pelo grau de destruição da doença,  os países mais avançados da Europa e os Estados Unidas já mantém campanhas permanentes de esclarecimento e reciclagem para médicos, para possibilitar um diagnóstico precoce e deter o avanço da doença. No Brasil, grande parte dos médicos que não são especialistas  ainda não sabe como lidar com a doença, que  tem sido detectada cerca de até  10 anos depois de seu aparecimento, o que pode mutilar a mulher. Uma das principais conseqüências da Endometriose é a infertlidade. Cerca de 50% dos casos de infertilidade  nas mulheres do mundo inteiro,  são causados pela doença, que atinge 15% da população feminina entre 15 e 45 anos.

Os principais sintomas da Endometriose são cólica menstrual intensa, sangramentos na urina ou nas fezes e dor forte durante o ato sexual.

ENDOMETRIOSE 

O ginecologista Cláudio Crispi,  especialista no tema, explica que a endometriose é uma doença conhecida há muitos anos, mas a grande dificuldade sempre foi obter o seu diagnóstico correto.Mas agora os exames de ressonância magnética tem demonstrado um ótimo resultado tanto para diagnosticar, como para mapear e apontar as estratégias de tratamento da doença. E uma boa notícia: o exame já pode ser feito na rede de saúde pública, possibilitando o tratamento imediato. 

 Através  da ressonância magnética pode ser observado  que uma grande porcentagem de pacientes que sofrem de dor pélvica (em baixo ventre) que se intensificam progressivamente, como cólicas menstruais intensas, dor em cólica fora do período menstrual, dor profunda na relação sexual e esterilidade, são portadoras da endometriose. Para exemplificar, nas pacientes com queixas de dor pélvica, alguns estudos científicos já observam a presença da doença em 60 a 70% dos casos. 

Mas o que vem a ser esta doença? 

O professor Crispi explica: o endométrio é um tecido que reveste internamente o útero e quando estimulado pelos hormônios femininos, cresce mensalmente, preparando o útero para uma gravidez. Quando esta não ocorre é eliminado como menstruação.

Por alguns motivos, como o refluxo da menstruação pelas trompas, diferenciação de tecidos embrionários adormecidos e propagação pela corrente sanguínea, este endométrio pode se localizar em outros órgãos como as trompas, ovário, peritônio (membrana que reveste o abdome internamente), bexiga, intestinos, no fundo da vagina, etc.

Estes locais, são então  também estimulados pelos hormônios femininos, sofrendo pequenos sangramentos e causando intensa reação inflamatória local, o que explica a dor de grande intensidade experimentada por essas mulheres. Quando não diagnosticada, a doença progride, intensificando a reação inflamatória e a dor. E pode invadir a bexiga causando sintomas urinários como, cistites e sangue na urina, podendo ainda invadir o intestino e o reto Toda essa reação inflamatória acarreta também, deformação dos órgãos do aparelho reprodutor, diminuindo a capacidade da mulher engravidar. 

Portanto, prossegue o professor Crispi, estamos diante de uma doença que traz grande sofrimento à mulher, incapacitando-a para suas atividades sociais e profissionais por vários dias mensalmente, ou impedindo-a de engravidar. Por isso, a necessidade de um diagnóstico precoce é essencial não só para o  alívio da dor, como para preservar a capacidade reprodutiva da mulher.