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‘Science’: Dados de mobilidade podem ajudar na luta contra o Ebola

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A revista Science publicou em sua edição de 24 de outubro um artigo sobre o combate ao surto de Ebola.  “Entender os movimentos e a mobilidade humana é importante para caracterizar projeções e controle de doenças que se espalham ao longo do tempo ou através do espaço. Infelizmente, o surto do vírus ebola na África ocidental está acontecendo em uma região onde a mobilidade mudou consideravelmente nos últimos anos. Esforços devem ser feitos para entender melhor esses padrões de mobilidade. Por exemplo, registros de chamadas de telefonia móvel podem fornecer uma elucidação sobre como as pessoas se deslocam dentro dos países, principalmente se elas deixam lugares de alto risco”, diz a matéria da renomada revista científica.

“Análises de dados da Orange Telecom produziram mapas sobre o movimento no Senegal e na Costa do Marfim e esforços estão sendo feitos para obter dados similares de Serra Leoa, Guiné e Libéria. 

Outras fontes são necessárias para obter um mapeamento mais completo da mobilidade e inferir padrões da proliferação da doença. Por exemplo, informações sobre travessias de fronteiras por via terrestre elucidariam o movimento regional.  Dados de monitoramento de genomas podem ligar geneticamente casos através do tempo e espaço (como saiu na matéria da Science “Monitoramento de genomas elucida a origem e a transmissão do vírus Ebola durante o surto de 2014”, publicada no dia 28 de agosto).  Dados mais completos são necessários nas estradas percorridas por caminhões e ônibus, que estão envolvidos na proliferação do vírus. Qualificar a migração recorrente devido a eventos climáticos, culturais ou ciclos de colheita é importante para antecipar flutuações nas taxas de contaminação”, diz o artigo.

“Todos esses tipos de dados podem ser usados em modelos dinâmicos de transmissão para fornecer projeções de casos, ajudar a focar recursos e intervenções e alcançar o sucesso das intervenções. Entretanto, os esforços são limitados na ausência de bons dados de mobilidade. Os dados existentes para a África Ocidental incluem números de transporte aéreo que foram usados para moldar a proliferação local, regional e mundial do Ebola e atualizaram conjunto de dados da população mundial. Porém, novas informações de censos são vitais para apoiar o levantamento dos dados de mobilidade.

Manter essas informações atualizadas enquanto se desenvolve um conjunto de dados mais amplo vai beneficiar amplamente os planos de intervenção e alocação de recursos.

Esses dados não deverão necessariamente levar a restrições de viagens, como cancelamento de rotas de vôo e fechamento de fronteiras, que impedem os esforços de ajuda. Ao contrário, as informações deveriam ser usadas para criar mais modelos válidos de transmissão, que podem então ser usados para planejar e avaliar potenciais intervenções. Uma melhor avaliação do impacto dessas possíveis intervenções será fundamental nas próximas semanas  em que o surto continua a crescer”, conclui o artigo da Science.