Um médico italiano, que trabalhou pela organização Emergency, em Serra Leoa no último mês, foi colocado em quarentena domiciliar de 21 dias, nesta sexta-feira (31), na cidade de Quart, região do Vale d'Aosta, norte da Itália. A medida, segundo o Serviço Sanitário Nacional (USL), faz parte do procedimento de prevenção do vírus ebola no país.
"Acho um pouco excessivo", afirmou o médico, que chegou nesta quinta-feira a Itália, pelo aeroporto de Malpensa, em Milão. Ele usou um trem para chegar à sua cidade. "Há rios de pessoas que retornaram para a Itália e isso só aconteceu comigo", criticou o médico. Nesta quinta-feira, a presidente da Emergency, Cecilia Strada, já havia pedido mais respeito aos profissionais de saúde que retornam aos seus países, após trabalho nas nações africanas que sofrem com o ebola.
A quarentena domiciliar foi determinada pelo prefeito de Quart, Giovanni Barocco. Ela prevê que o médico escolha um dos apartamentos que a família possui na cidade. Segundo a USL, o médico entrou na Itália com risco intermediário de contágio.
Enfermeira de bicicleta
A enfermeira norte-americana Kaci Hickox desafiou mais uma vez, a quarentena imposta pelo governo do Maine, nos Estados Unidos, após retornar do oeste africano.
Após ameaçar processar o Estado por forçá-la a ficar em casa, ela saiu para andar de bicicleta, nesta quinta-feira (30), ao lado do namorado. Autoridades de saúde do Maine querem que a enfermeira permaneça isolada em casa até o próximo dia 10. Na última semana, ao chegar nos EUA, Kaci realizou testes em Nova Jersey, que não detectaram presença do ebola em seu organismo.
MSF critica quarentena forçada
A organização Médicos em Fronteiras (MsF), que está na linha de frente no combate ao ebola, na África, fez alerta sobre a prática de quarentenas forçadas, que têm causado polêmica, principalmente nos EUA, após imbróglio envolvendo a enfermeira Kaci Hickox. Segundo o MsF, o monitoramente diligente de profissionais que retornam de países afetados é preferível ao isolamento imposto.
Segundo Sophie Delaunay, diretora da MsF nos EUA, as internações forçadas podem desmotivar a ida de novos médicos aos países que sofrem com o vírus.
"É muito provável que qualquer regulação que não esteja baseada em premissas médicas científicas, que envolva o isolamento de agentes humanitários saudáveis, sirva para desmotivar outros profissionais a combaterem a epidemia em sua origem", disse Sophie.