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Partos normais já são realidade em 74,6% dos nascimentos no Hospital da Mãe

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Com índices de complicações reduzidos, menor incidência de dores pós-operatórias e agilidade na recuperação da mãe, as maternidades da rede estadual incentivam a realização de partos normais, seguindo o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2013, do total de 24.983 partos realizados em sete unidades, 15.754 foram normais. O destaque fica para o Hospital Estadual da Mãe que ao completar dois anos de inauguração em junho, atingiu a marca de 74,6% de partos normais realizados.

Uma das causas mais recorrentes da mortalidade materna está associada a hemorragia e infecção, questão minimizada com a realização do parto normal. Neste sentido, é potencializado o benefício do procedimento, além de permitir a interação do bebê e da mãe logo após o parto, proporcionado pelo breve retorno as atividades. No entanto, o perfil das maternidades estaduais engloba os partos de alto risco, o que significa, em alguns casos, um complicador para a prática dos partos normais - afirma o coordenador de pediatrias e maternidades da Secretaria de Estado de Saúde, Jorge Calás.

>>Médicos e ativistas defendem o empoderamento da mulher na hora do parto

A SES implementa condutas de conscientização da equipe, afim de que os médicos tenham uma abordagem criteriosa para a melhor prática, seja ela o parto normal ou cesáreo, respeitando o perfil clínico da gestante. O objetivo é que não sejam realizadas cesarianas de maneia indiscriminada.

No Brasil, as pessoas creem de forma equivocada que a cesárea é melhor. Muitas mães acham que vão sentir mais dor ou correr risco se fizerem parto normal e isso não é verdade. O papel do médico é orientar às famílias sobre as vantagens deste procedimento natural - esclarece Juciney Pacheco, coordenador médico da Maternidade do Hospital Estadual Rocha Faria.

A política nacional de humanização preconiza o parto humanizado, o que já foi implementado nos hospitais do estado. Além disso, há unidades que dispõem de serviços específicos, como o Espaço Jovem Mãe, do Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande. Voltado para o atendimento de gestantes adolescentes, de 12 a 18 anos, em apenas oito meses de funcionamento já realizou quase 500 partos, correspondendo a cerca de 25% da produção total do hospital.

Entre as ações de humanização está a Casa da Mãe, do Hospital da Mulher, em São João de Meriti, local onde a puérpera fica hospedada caso seu bebê precise permanecer internado para cuidados na UTI ou UI. O espaço recebe mulheres que moram longe da unidade - mínimo de 50 km de distância - ou em lugares de difícil acesso e permite que essas mães fiquem próximas aos filhos que permanecem internados, garantindo, com isso, o contato e o aleitamento tão importantes na recuperação dos recém-nascidos.

 O número de cesáreas no Brasil quase quadruplicou nas últimas quatro décadas, passando de 14,5%, nos anos 1970, para 52%, em 2010, de acordo com estudo da Fiocruz. Na rede privada, este índice é ainda maior: 88% do total de partos são cesáreas, enquanto que a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de até 30%. Os dados fazem parte da pesquisa Nascer no Brasil, divulgada no final de maio pela Fiocruz, com a análise de entrevistas de 23.894 mulheres em maternidades públicas e privadas de todo país. Os pesquisadores chamam a atenção para o enorme número de cirurgias feitas desnecessariamente e os riscos desta opção.