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Surto de ebola deverá impactar acesso à alimentação em países infectados

Recente relatório afirma que epidemia estaria causando escassez de alimentos e altas nos preços

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Um novo alerta da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) feito nesta terça-feira (2) revelou prejuízos da epidemia de ebola à economia e à comercialização de alimentos. Segundo o alerta, o surto colocou colheitas em risco e elevou muito o preço dos produtos alimentícios nos três países mais afetados pelo vírus – Guiné, Serra Leoa e Libéria.

De acordo com o alerta, a epidemia do vírus ebola faz com que alimentos estejam cada vez mais difíceis de serem encontrados e, por isso, mais caros. Da mesma forma, a escassez de trabalhadores está colocando a próxima safra em risco devido às zonas de quarentena e às restrições de circulação da população objetivando combater o vírus. Embora as autoridades garantam que são medidas necessárias, elas estariam reduzindo de forma bastante crítica a comercialização de alimentos.

Um dos outros motivos que a FAO aponta para a escassez de alimentos foi o pânico inicial causado pela epidemia, fazendo com que a população corresse para comprar os alimentos disponíveis – auxiliando no processo de escassez. Os aumentos de preços são mais expressivos nos centros urbanos, de acordo com o alerta especial emitido pela Global Information and Early Warning System (GIEWS).

Na última segunda-feira (1), um paciente com ebola fugiu da quarentena em um hospital da Monróvia, capital da Libéria, e se dirigiu a uma feira na tentativa de conseguir comida. O homem assustou as pessoas que estavam na área por conta do vírus, e foi forçado a entrar em uma ambulância por médicos. O homem tinha uma identificação sob forma de uma sinal, mostrando que ele havia sido testado em relação ao ebola e que seu diagnóstico havia sido positivo.

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De acordo com o representante regional da FAO na África, Bukar Tijani, o acesso aos alimentos já se tornou uma forte preocupação nos países atingidos pela epidemia e nos vizinhos. “Com a principal colheita em risco, além da circulação de mercadorias estar severamente restringida, a insegurança alimentar está prestes a se intensificar nas próximas semanas e meses que virão. A situação terá impactos de longa duração sobre os meios de vida dos agricultores e das economias rurais”, afirmou.

Fazendas de arroz e milho, principais produtos agrícolas dos países, têm sofrido com as restrições de circulação e, de acordo com o comunicado, esse impedimento na migração irá impactar de forma grave a produção agrícola – colocando em risco a segurança alimentar de um grande número de pessoas, segundo o alerta. Além disso, as áreas mais afetadas pelo surto estão justamente entre as mais produtivas na Libéria e em Serra Leoa. Além do arroz e do milho, outras safras como a de cacau devem sofrem fortes prejuízos.

Vincent Martin, chefe da unidade da FAO em Dacar, afirmou que mesmo antes do surto do ebola, as famílias em algumas das áreas mais afetadas estavam gastando até 80% de sua renda com alimentos. “Agora, esses últimos picos de preços são efetivamente colocar a comida completamente fora de alcance destas pessoas. Essa situação pode ter repercussões sociais que podem acarretar em um subsequente impacto na contenção da doença”, alertou.

Na Monróvia, mesmo lugar de onde o paciente fugiu da quarentena, o preço da mandioca já subiu 150% nas primeiras semanas de agosto em alguns supermercados, por exemplo. Em um esforço de resposta para para atender às necessidades alimentares a curto prazo, o Programa Alimentar Mundial (PAM) lançou uma operação de emergência regional visando recolher 65 toneladas de alimentos para 1,3 milhão de pessoas. De acordo com o alerta da FAO são necessárias avaliações rápidas para dessa forma identificar o tipo de medidas que serão viáveis ??na tentativa de atenuar o impacto da escassez de trabalho durante o período de colheita e pós-colheita. Além disso, o alerta ressaltou a necessidade de observar medidas para revitalizar o comércio interno.

Surto de ebola do mundo

Mais de 3 mil pessoas já foram infectadas pelo vírus do ebola e mais de 1,5 mil morreram desde o início do ano, de acordo o último relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 29. Os infectados são vítimas da Guiné, de Serra Leoa, da Libéria e da Nigéria. A República Democrática do Congo e Senegal também apresentaram casos do vírus mais recentemente. O Ministério da Saúde faz questão de ressaltar que, até o momento, nenhum caso suspeito apareceu no Brasil e que a probabilidade de entrada do vírus em solo nacional ainda é considerada muito pequena. 

* Do programa de estágio JB