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El País: “Não se pode controlar o ebola fechando as fronteiras"

Presidente do Médico Sem Fronteiras destaca a necessidade de recursos para os países com a epidemia

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Em entrevista para o El País, nesta quinta-feira (21), a presidente do Médicos Sem Fronteiras, Joanne Liu mostrou sua preocupação pela epidemia de Ebola nos países do oeste africano. Além disso, chama a atenção para as medidas que alguns países têm tomado. A médica canadense trabalhou em diversas outras crises de saúde na Mauritânia, Haiti, Quênia, Palestina e Sudão e visitou o chamado “triangulo do ebola”: Libéria, Serra Leoa e Guiana.

Na entrevista, ela destaca que “fechar as fronteiras não é uma forma de lutar contra o ebola. É preciso enviar pessoal qualificado para a áfrica ocidental”. Durante a entrevista para o El País, a médica insistiu que é preciso que outros países mandem médicos “mais mãos fazem falta para o trabalho”.

Além disso, a médica destaca a situação preocupante pela qual passam os países da áfrica ocidental que tem a população contaminada pela doença. “A Guiana levou cinco meses lutando conta o ebola. Na Libéria e em Serra Leoa a contaminação é mais recente. O que vi sobre a epidemia nesses países é que ela está se desenvolvendo mais depressa que a nossa capacidade de resposta”, afirma a médica Joanne Liu para o jornal espanhol.

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A médica destaca que a epidemia tem evoluído com rapidez e que além dos problemas com a doença, os médicos e profissionais de saúde estão tendo que lidar com as conseqüências da epidemia. O resultado do ebola tem sido traduzido pelo sistema de saúde em colapso nos países da África Ocidental. Segundo a médica as unidades de tratamento na Libéria e em Serra Leoa estão fechadas por causa da epidemia.

Além disso, segundo a médica, a situação é dramática, porque doenças mais simples que o ebola, como a malária, não estão sendo tratadas de forma adequada. Segundo ela, é preciso que se envie mais médicos para abrir centros de tratamento básico. “É o que chamo de crise das crises”, afirmou para o El Pais a presidente do MSF.

Perguntada sobre o que é possível para parar o avanço do Virus, a médica destaca que é preciso cortar a cadeia de transmissão, como cuidar para que os funerais sejam feitas de forma adequada, fazer o rastreio de quem teve contato com a pessoa infectada. “Sabemos que por  cada pessoa infectada, outras 20 podem ter tido contato com ela”. A médica afirmou ainda que para ajudar a controlar a doença tem que haver meios para se transmitir informações para a população e, assim, evitar o pânico.

A presidente do MSF alerta: as instalações dos Médicos sem fronteiras estão no limite. “Temos centros especializados no combate a doença nos três principais países infectados e temos conseguido ampliar a capacidade de atendimento na Libéria, mas já não há como chegarmos a mais que isso”, afirmou a médica para o El País.

Além disso, a médica critica a posição de alguns países da comunidade internacional. Segundo a médica o medo faz com que se pense que a solução seja fechar as fronteiras como única forma de conter a epidemia. Segundo ela, o melhor caminho é que países europeus, como a Espanha, deveriam enviar recursos como técnicos de laboratório, infectologistas especializados, mais pessoas para atender pacientes com nível de contagio elevado, especialistas em saneamento e saúde pública, para recolher dados e informar melhor sobre a doença.

A médica analisa que a epidemia se intensificou porque existe um fluxo constante de pessoas entre os três países, onde as pessoas pertencem à mesma comunidade e chegaram a afetar áreas urbanas, como a cidade de Monrovia. “Estamos  preocupados que a transmissão seja mais rápida pelo contato com pessoas infectadas devido a falta de informação da população”, concluiu Joanne Liu para o El País.