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Quantidade de diabéticos no Brasil já ultrapassa previsões para 2030 

Número de diabéticos aumenta de forma assustadora; especialista diz que falta conscientização

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Dia 26 de junho é o dia nacional do diabetes e sobram motivos para ter atenção a essa doença. Os dados sobre o panorama brasileiro da doença é alarmante: a Federação Internacional de Diabetes (IDF) tinha a estimativa de que em 2030 o Brasil teria 12,7 milhões de diabéticos. Hoje, já são 13,4 milhões de brasileiros com a doença. O sedentarismo, o aumento da obesidade, o envelhecimento da população e as dietas pouco saudáveis estão entre as principais causas desse avanço considerável da doença.

Não é só no país que a doença vem se mostrando cada vez mais preocupante: nos Estados Unidos, o Centers for Disease Control and Prevention divulgou no  11 de junho que mais de 29 milhões de americanos têm diabetes. Isso representa que uma em cada quatro pessoas com diabetes no país não sabe que tem a doença. De acordo com o órgão, há no mundo  246 milhões de pessoas com diabetes e esse número deve chegar a 350 milhões até 2025.

De acordo com a endocrinologista Renata Sacramento, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, o principal problema é que os fatores de risco estão aumentando. “Está aumentando a proporção de doentes. O diabetes está totalmente relacionado com o estilo de vida e nós temos visto um padrão de vida mais sedentário, com pessoas comendo pior”, avalia.

O diabetes é causado pela falta de insulina ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seu papel no organismo, gerando um aumento da glicose no sangue. A doença é hoje em dia responsável por uma em cada dez mortes no mundo entre adultos de 35 a 64 anos, totalizando 3,2 milhões de óbitos anualmente.

Um forte problema segundo a endocrinologista é a falta de mobilização, que concorda com uma ausência de campanhas fortes de conscientização sobre o diabetes. “Não há trabalho preventivo. Você vê campanhas de vacinação, de conscientização sobre o câncer, mas não vê uma de indução à alimentação saudável, de incentivo à prática de exercícios, ou seja, de prevenir o diabete”, reclama.

Outro ponto que levantamento do IDF indicou foi a incidência menor em camadas da população com mais instrução: 3,8% dos brasileiros com mais de 12 anos de estudo declararam ser diabéticos, enquanto 12,1% dos que têm até oito anos de escolaridade declaram ter a doença. Para Sacramento, o motivo disso é que quando a pessoa tem mais conhecimento sobre a doença, a prevenção é maior. “Se você sabe que o risco de diabetes aumenta se você comer mais doces, ou fumar, ou fizer menos exercícios, você vai evitar a doença. Além disso, camadas mais pobres muitas vezes ainda têm aquela visão de que a criança saudável é a criança gordinha”, explica.

Apesar disso, a endocrinologista garante que o tratamento tem melhorado. “A gente tem descoberto medicamentos orais novos que atuam de diferentes maneiras na fisiopatologia do diabetes. Hoje estamos atuando com medicamentos em outros órgãos que não só o pâncreas, que era o que tínhamos antigamente. Saíram agora medicamentos que atuam nos rins, no estômago, no intestino, todos com o objetivo de diminuir a progressão do diabetes”, conta.