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Japão diz que retomará a caça baleeira no próximo ano

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No início do mês pesquisadores de cetáceos e conservadores se alegraram com a notícia de que o Japão cancelou a caça a baleias na Antártida, em resposta a uma ordem da Corte Internacional de Justiça, na Holanda. No entanto, o Instituto de Pesquisa de Cetáceos do Japão (ICR) afirmam que pretendem retomar a caça às baleias no próximo ano, com um programa que é "de acordo" com a decisão do tribunal. Mas o movimento do ICR pode ser apenas uma manobra legal, dizem alguns observadores. É o que relata uma matéria da revista Science desta semana.

Os planos do ICR se tornaram públicos na semana passada, depois que a Sea Shepherd Conservation Society (SSCS), um grupo conhecido por assediar navios baleeiros japoneses, com documentos jurídicos divulgados a agência de pesquisa apresentada em um tribunal federal de Seattle, Washington. (ICR está buscando uma ordem judicial impedindo a SSCS de interferir em sua frota quanto à matança de baleias no Santuário Antártico das Baleias.) Embora os documentos forneçam poucos detalhes, o ICR afirma que pretende retomar suas caças na Antártida no início de temporada 2015-2016. (O Japão tem uma segunda caça de baleias científicas no Pacífico Norte, que não é afetada pela decisão do tribunal internacional).

A notícia veio como surpresa para aqueles que seguem a controvérsia. "É inteiramente consistente com o que eu esperaria de ICR", diz Phillip Clapham, um biólogo marinho do Centro de Ciência da Pesca do Alasca, em Seattle, Washington. Clapham tem servido como membro do Comitê Científico da Comissão Baleeira Internacional, que por décadas tem criticado o programa de caça à baleia do Japão.

A matéria diz ainda que retomar a caça baleeira na Antártida pode ser mais fácil falar do que se fazer, dizem os especialistas. Para cumprir com a decisão do tribunal internacional, o Japão terá de oferecer razões científicas válidas para o número de baleias que querem matar e incluem métodos de pesquisa não letal para atender aos objetivos da pesquisa. De fato, Clapham brinca que o processo é tão assustador que "eu não gostaria de ser um cientista que foi dito para chegar a um novo programa de pesquisa que faz algum sentido." (Qualquer novo programa também será revisto pela Comissão Baleeira do conselho científico, mas o Japão não precisa de sua aprovação para continuar).

É possível que a ICR não tenha a intenção de retomar a caça às baleias da Antártida, mas ao invés disso seguir uma estratégia legal em seu caso contra SSCS. "A fim de continuar o processo judicial... eles (ICR) dizem que vão trabalhar na Antártida em 2015, mesmo que não tenha sido tomada essa decisão”, Clapham escreve em um e-mail. O ICR pode estar tentando demonstrar a necessidade de uma injunção contra SSCS "não é discutível", acrescenta Alison Rieser, especialista em direito internacional da Universidade do Havaí, Manoa.

A frota baleeira do Japão voltou do Oceano Austral, no mês passado, depois de matar 251 baleias ao invés das 935 planejadas, em parte por causa de assédio por manifestantes da Sea Shepherd Austrália.