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Parceria melhora tratamento de pacientes com fissura labiopalatina

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Com auxílio de técnicas que permitem avaliar a qualidade da fala, da respiração e do sono, um grupo de pesquisadores do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP), em Bauru, tem contribuído para aperfeiçoar o tratamento de pacientes com fissura labiopalatina – malformação na região do lábio e do céu da boca conhecida popularmente como lábio leporino.

“Os resultados de nossos estudos contribuíram para que a equipe buscasse métodos alternativos para uma técnica cirúrgica que demonstramos causar problemas respiratórios e para a implantação de uma Unidade de Estudos do Sono no hospital”, contou Inge Elly Kiemle Trindade, coordenadora do Laboratório de Fisiologia do HRAC/USP.

De acordo com Trindade, o trabalho da equipe de fisiologia do Centrinho – como é conhecido o HRAC – ganhou força e visibilidade a partir de meados da década de 1990, quando teve início uma parceria com pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (UNC), nos Estados Unidos. 

“Os dois primeiros equipamentos usados no laboratório foram doados por Donald Warren, diretor do UNC Craniofacial Center na época. O nasômetro serve para avaliar o grau de nasalidade na fala e o rinomanômetro permite mensurar o grau de fechamento do esfíncter velofaríngeo, que separa a cavidade nasal da cavidade oral”, contou Trindade.

As ferramentas ajudaram os pesquisadores a investigar as repercussões fisiológicas de uma técnica cirúrgica conhecida como retalho faríngeo, cujo objetivo é evitar o escape de ar pelo nariz durante a fala, que é responsável pelo som “fanhoso” ou hipernasal característico de pacientes com fissura labiopalatina.

“Mostramos que a técnica era eficaz na eliminação dos problemas de fala, mas, ao mesmo tempo, causava problemas respiratórios significativos. Passamos a suspeitar que essa obstrução das vias aéreas poderia ser a explicação para a incidência acima da média de apneia do sono nesses pacientes”, contou Trindade.

Com base nos resultados desses estudos, foram adotados métodos alternativos menos obstrutivos, como o prolongamento do palato (céu da boca). Além disso, o problema da apneia do sono entre os pacientes ganhou maior atenção com a criação da Unidade de Estudos do Sono.

Com o passar dos anos, e com o apoio de entidades como FAPESP, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o laboratório foi ganhando novos equipamentos, entre eles o sistema de rinometria acústica, que permite avaliar as dimensões de vias aéreas nasais.

O equipamento foi usado para avaliar problemas de fala em pacientes fissurados, durante o mestrado de Andressa Sharllene Carneiro da Silva, realizado com Bolsa da FAPESP. Para isso, foi adotada uma modificação da técnica padrão sugerida pela equipe da UNC.


Agência Fapesp