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Vacina brasileira contra a aids será testada em macacos

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 Uma vacina brasileira contra o vírus HIV, causador da aids, começará a ser testada em macacos no segundo semestre deste ano. Com duração prevista de 24 meses, os experimentos têm o objetivo de encontrar o método de imunização mais eficaz para ser usado em humanos. Concluída essa fase, poderão ter início os primeiros ensaios clínicos.

O trabalho teve início em 2001, quando pesquisadores analisaram o sistema imunológico de um grupo especial de portadores do vírus que mantinham o HIV sobre controle por mais tempo e demoravam para adoecer. No sangue dessas pessoas, a quantidade de linfócitos T do tipo CD4 – o principal alvo do HIV – permanecia mais elevada que o normal.

Os pesquisadores então isolaram pequenos pedaços de proteínas das áreas mais preservadas do vírus HIV – aquelas que se mantêm estáveis em quase todas as cepas. Com auxílio de um programa de computador, selecionaram os peptídeos (indispensáveis para a formação das moléculas de proteínas) que tinham mais chance de serem reconhecidos pelos linfócitos TCD4 da maioria dos pacientes. Os 18 peptídeos escolhidos foram recriados em laboratório e codificados dentro de uma molécula circular de DNA.

Testes in vitro feitos com amostras de sangue de 32 portadores de HIV com condições genéticas e imunológicas bastante variadas mostraram que, em mais de 90% dos casos, pelo menos um dos peptídeos foi reconhecido pelas células TCD4. Em 40% dos casos, mais de cinco peptídeos foram identificados. Os resultados foram divulgados em 2006 na revista Aids.

“Os resultados sugerem que uma única vacina poderia, em tese, ser usada em diversas regiões do mundo, onde diferentes subtipos do HIV são prevalentes”, afirmou Edecio Cunha Neto, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) que desenvolveu e patenteou o imunizante HIVBr18 em conjunto com os cientistas Jorge Kalil e Simone Fonseca, equipe apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no Estado de São Paulo.

No teste mais recente, feito com camundongos e ainda não publicado, os pesquisadores avaliaram a capacidade dessa nova vacina de reduzir a carga viral no organismo. Nos animais imunizados com a vacina, a quantidade do vírus modificado encontrada foi 50 vezes menor que a do grupo controle. Agora estão sendo realizados experimentos para descobrir se, de fato, a destruição viral aconteceu por causa da ativação das células TCD4 citotóxicas.

Os cientistas estimam que, no estágio atual de desenvolvimento, a vacina não eliminaria totalmente o vírus do organismo, mas poderia manter a carga viral reduzida ao ponto de a pessoa infectada não desenvolver a imunodeficiência e não transmitir o vírus.

Informações da Agência Fapesp