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Navios, dutos e plataformas mais seguras

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“O rápido crescimento econômico nos BRICs [Brasil, Rússia, Índia e China] faz com que o mundo tenha que produzir cada vez mais energia. Estima-se que a demanda de energia primária total em 2035 será 50% maior do que a atual”, disse Shuji Aihara, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade de Tóquio.

“O transporte em massa entre os países também tem se tornado mais importante para manter as atividades econômicas mundiais. Por conta de fatores como esses, um dos principais desafios atuais da engenharia está no aumento da produção de petróleo e gás e no transporte dessas fontes de energia com segurança”, disse Aihara.

De acordo com Aihara, uma grande variedade de estruturas, como dutos de transporte, navios e estruturas em alto-mar, tem sido desenvolvida e construída nos últimos anos para dar conta dessa demanda. O grupo de pesquisa que o cientista coordena investiga tecnologias e formas de fazer com que essas estruturas sejam mais seguras, tanto para o homem como para o meio ambiente.

O objetivo é diminuir as chances de que ocorram desastres em petroleiros, como no Exxon Valdez, que naufragou em 1989 na costa do Alasca derramando mais de 40 milhões de litros de petróleo que se espalharam por mais de 20 mil quilômetros quadrados. Ou acidentes em plataformas, como a explosão na Deepwater Horizon da BP, no Golfo do México, que lançou ao mar mais de 700 milhões de litros de óleo. Ocorrências como essas provocam danos enormes ao meio ambiente.

Aihara e equipe pesquisam a resistência e durabilidade de estruturas usadas atualmente para a exploração e o transporte de petróleo e gás, e, no futuro, de hidrogênio e outras fontes de energia. “A pressão e a distância de dutos têm aumentado constantemente de modo a satisfazer a demanda energética. Na ‘sociedade do hidrogênio’ [que o cientista considera o combustível do futuro], o transporte de gás continuará sendo necessário”, disse.

Outro tipo de transporte que, de acordo com Aihara, será importante no futuro é o de dióxido de carbono. “Sistemas de transporte em massa de CO2 serão necessários para o sequestro e o armazenamento de carbono de fontes antropogênicas para locais como reservatórios subterrâneos. Por isso, dutos de longa distância continuarão em uso e novos tipos serão necessários”, disse.

Para esses novos dutos, que transportarão hidrogênio e CO2, a prevenção de fraturas é um tema crucial. “Temos conduzido testes em grande escala em dutos de alta pressão de forma inédita. Utilizamos vídeo para identificar como fissuras se propagam em velocidades superiores a 1.000 km/h”, disse.

Os pesquisadores japoneses desenvolveram um modelo computacional para simular o comportamento dessas fissuras em dutos e observaram que os dutos para transporte de hidrogênio se mostraram mais seguros do que no caso do transporte de petróleo e gás.

Colaboração com o Brasil

Aihara destaca a importância da colaboração internacional em pesquisa na área em que atua. O grupo do cientista realiza intercâmbios com pesquisadores de diversas instituições brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Pernambuco.

Para ampliar as parcerias científicas entre Japão e a América Latina, a Universidade de Tóquio realizará dois encontros, chamados Fóruns Todai (o nome pelo qual a universidade é conhecida no Japão), em novembro. Nos dias 7 e 8, será realizado em Santiago, no Chile.

Nos dias 11 e 12 será a vez de São Paulo. No fórum na capital paulista ocorrerá também um workshop em dinâmica de fluidos para estruturas marinhas, realizado em parceria com a USP.

Aihara foi um dos palestrantes no Simpósio Japão-Brasil sobre Colaboração Científica, organizado pela Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência (JSPS) em conjunto com a FAPESP nos dias 15 e 16 de março, em Tóquio. 

 

Agência Fapesp