Estudo publicado na revista Science demonstra que células mães transferem muito mais mitocôndrias do que o necessário para células filhas, mesmo ao custo das próprias vidas, revelando assim que as menores porções de matéria viva – as células – fazem sacrifícios para assegurar a continuidade de suas futuras gerações. A pesquisa foi realizada por um grupo internacional de pesquisadores, com a participação de dois brasileiros. A descoberta sugere a hipótese de que, tal como ocorre com alguns animais na natureza, as células mães se sacrificariam para aumentar as chances de sobrevivência de suas filhas.
Os pesquisadores constataram que durante o processo de divisão celular (mitose) – pelo qual uma célula “mãe” se divide para dar origem a uma célula “filha” – a célula “materna” fornece muito mais mitocôndrias (estruturas internas essenciais para a sobrevivência de qualquer vida celular) para sua “cria” do que se esperaria pela razão entre os volumes delas – a célula filha é menor do que a célula mãe.
“Essa constatação é inédita e contraria a intuição de que as mitocôndrias são divididas de forma proporcional à densidade [volume] das células mães e das células filhas. Elas quebram essa regra”, disse à Agência Fapesp o professor da USP Luciano da Fontoura Costa, um dos autores do estudo, publicado na edição de novembro do ano passado da revista Science.
A descoberta desses mecanismos de divisão poderá ser estendida para outros organismos e tecidos como as células-tronco humanas e algumas células cancerosas, por exemplo, que muitas vezes se dividem em duas células que se parecem e se comportam de forma muito diferente, segundo Costa. O artigo, em inglês, pode ser lido por assinantes no site da revista.
Com informações da Agência FAPESP