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Revista publica edição especial sobre evento científico em São Paulo

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O International Journal of Astrobiology (IJA) publicou uma edição especial dedicada a artigos baseados nas conferências proferidas por pesquisadores brasileiros e estrangeiros durante a São Paulo Advanced School of Astrobiology – Making Connections (Spasa 2011).

O evento reuniu 160 pesquisadores, docentes e estudantes do Brasil e do exterior para debater os avanços mais recentes da astrobiologia no mundo.

Uma nova área do conhecimento – resultado da interface entre astronomia, biologia, química, geologia e ciências atmosféricas, entre outras disciplinas –, a astrobiologia estuda temas ligados à origem, evolução, distribuição e futuro da vida.

Entre os temas estão a formação e detecção de moléculas prebióticas (existentes antes do surgimento da vida) em planetas e no meio interestelar, a influência dos eventos astrofísicos no surgimento e na manutenção da vida na Terra e as condições de viabilidade da vida em outros planetas ou satélites – em especial a vida microbiana.

De acordo com a revista, a Spasa foi a primeira escola internacional de astrobiologia organizada no Brasil e marcou o início desse campo de pesquisa multidisciplinar no país.

“No Brasil, a astrobiologia é desenvolvida por um grupo de jovens pesquisadores que veem que uma das maiores contribuições que a comunidade de pesquisa brasileira pode dar [para o avanço da área] é uma profunda compreensão dos ecossistemas terrestres, suas complexas inter-relações e conexões e suas respostas a um planeta em evolução”, ressalta a publicação em seu editorial.

Organizado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), sob a coordenação do professor Jorge Horvath, o evento contou com 33 palestrantes do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, México, Alemanha e Rússia.

O pesquisador brasileiro Marcelo Gleiser, do Dartmouth College (Estados Unidos), e Steven Dick, professor aposentado de astrofísica do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian (Estados Unidos), que atuou como historiador-chefe da Nasa, a agência espacial norte-americana, foram alguns dos palestrantes.

“A ideia foi trazer pesquisadores brasileiros e estrangeiros, com experiência significativa em astrobiologia, que dessem um panorama geral dos estudos realizados na área”, afirmou Fabio Rodrigues, do Instituto de Química da USP e um dos organizadores do encontro e da edição especial do IJA, à Agência FAPESP.

Artigos científicos

As palestras dos professores participantes da Spasa resultaram em 16 artigos reunidos na edição especial do IJA.

Os artigos dão um panorama geral de como a astrobiologia moderna se estrutura e de que forma ela evoluiu com o tempo.

Um dos artigos, por exemplo, aborda “O contexto da astrobiologia e suas implicações culturais”. Outros artigos enfocam os “Efeitos dos eventos astrofísicos de alta energia em planetas habitáveis” e a “Evolução da vida pré-cambriana de acordo com os registros históricos brasileiros”.

O primeiro artigo da revista, de autoria de Rodrigues e outros professores da USP coordenadores do evento, conta a história da astrobiologia no Brasil.

“A história da astrobiologia no Brasil não é tão recente e teve sua primeira ocorrência em 1958. Desde então, pesquisadores realizaram muitas iniciativas individuais em todo o país em campos relacionados à área, que resultaram em uma produção científica crescente e expressiva”, ressaltam os autores.

De acordo com Rodrigues, alguns dos artigos publicados na edição especial do IJA apresentam resultados inéditos. A maioria, no entanto, é de revisão de literatura científica e de autoria de pesquisadores que atuam em diferentes áreas, como astronomia, biologia e química.

“A proposta da edição especial foi mostrar o que é a astrobiologia e servir de fonte para quem iniciar na área ter uma ideia do que vem sendo feito”, disse Rodrigues.

Artigos inéditos

Além da edição especial do IJA, segundo Rodrigues, a Spasa também deve resultar na publicação de pelo menos três artigos inéditos, de autoria dos estudantes participantes do evento, na revista Astrobiology.

Durante o encontro, os 130 estudantes participantes, de diferentes países, foram distribuídos em grupos interdisciplinares, compostos por oito ou nove integrantes.

Ao longo de uma semana cada grupo desenvolveu um projeto de pesquisa completo na área, que deveria ser apresentado hipoteticamente a uma agência de fomento à pesquisa.

No final do evento, cada grupo expôs os resultados de seus respectivos projetos e os próprios alunos foram incumbidos de eleger os melhores trabalhos.

Os três primeiros colocados no concurso receberam como prêmio a publicação de seus projetos como artigos científicos de iniciativas de educação em astrobiologia em uma das próximas edições da Astrobiology.

“A interação entre os estudantes que participaram do evento resultou em trabalhos muito bons, de autoria de pesquisadores de diferentes países e áreas, que realizam desde pesquisas de campo a estudos mais teóricos”, avaliou Rodrigues.

Entre os estudantes, participaram 130 astrônomos, biólogos, geólogos, químicos, físicos e engenheiros de 26 países diferentes, sendo 80 deles com financiamento completo da ESPCA, 20 com financiamento parcial e 30 como ouvintes.

Parceria com núcleo de pesquisa da Nasa

Outro resultado da Spasa foi a celebração de uma parceria entre o Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP (NAP-Astrobio) com o Nasa Astrobiology Institute (NAI).

De acordo com Rodrigues, o NAP-Astrobio, do qual é um dos pesquisadores associados, iniciou antes da Spasa o processo para se tornar parceiro do Instituto de Astrobiologia da agência espacial norte-americana.

Por intermédio do evento, diversos membros do instituto de pesquisa da Nasa na área vieram a São Paulo para participar do encontro científico e conheceram de perto a qualidade das pesquisas realizadas no NAP-Astrobio.

Ao retornarem aos seus países de origem, os cientistas estrangeiros escreveram para o diretor do NAI e lhe recomendaram que aceitasse a parceria com o núcleo de pesquisa em astrobiologia paulista em razão da seriedade do trabalho constatada in loco durante a estada em São Paulo.

“Um dos motivos pelos quais fomos facilmente aceitos para nos tornarmos parceiros internacionais do NAI foi exatamente a recomendação dos professores estrangeiros participantes da Spasa”, atestou Rodrigues.

Segundo o pesquisador, algumas das vantagens de ser tornar parceiro da instituição de pesquisa congênere nos Estados Unidos é o intercâmbio de cientistas e a realização de projetos de pesquisa colaborativos.

“Depois da Spasa surgiram diversas outras oportunidades de colaboração científica com o exterior e muitos alunos estrangeiros interessados em realizar pós-doutorado e intercâmbio de pesquisa aqui”, contou Rodrigues.


Agência Fapesp