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Estudo avalia efeito cardiovascular da cirurgia bariátrica em diabéticos

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Pesquisadores do Instituto do Coração (Incor) – hospital pertencente à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) – procuram voluntários para um estudo que pretende avaliar o efeito da cirurgia bariátrica no controle de fatores de risco cardiovascular em pacientes diabéticos com sobrepeso ou obesidade leve.

Os candidatos devem ter índice de massa corporal (IMC) entre 28 e 35. Atualmente, segundo determinação do Conselho Federal de Medicina, podem ser submetidas ao procedimento apenas pessoas com IMC acima de 40 ou acima de 35 no caso de doenças associadas à obesidade, como diabetes e hipertensão.

“Foi dada preferência a pessoas com IMC abaixo de 35 no projeto porque, segundo alguns estudos indicam, a diabetes nesses pacientes está menos ligada à obesidade e mais relacionada a um perfil metabólico desfavorável”, explicou Fernanda Reis de Azevedo, cujo estudo de doutorado conta com apoio de Bolsa da FAPESP.

Investigações recentes também têm mostrado que diabéticos operados apresentam melhora na glicemia antes mesmo que ocorra uma perda de peso significativa, acrescentou a pesquisadora. “Nosso objetivo é entender quais são as alterações metabólicas envolvidas e medir o impacto na redução do risco cardiovascular”, disse.

O estudo está vinculado ao Projeto Temático “Jejum intermitente e cirurgia de adaptação digestiva: avaliação translacional das consequências sobre fatores de risco cardiovascular e aterogênese”, coordenado pelo professor da FMUSP Bruno Caramelli.

Segundo Azevedo, a diabetes mal controlada contribui de diversas formas para o aumento do risco cardiovascular. A elevação constante da glicemia agride a parede das artérias e favorece o desenvolvimento da aterosclerose. A doença também têm consequências renais que podem causar o aumento da pressão arterial.

“Alguns pacientes não conseguem manter a glicemia sob controle mesmo com insulina, dieta e remédios. Nós buscamos para o estudo justamente esses pacientes com a doença descompensada”, disse.

Os candidatos também devem ter entre 18 e 65 anos, circunferência abdominal acima de 102 centímetros e ser do sexo masculino. “Deixamos as mulheres de fora, pois as alterações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual podem interferir nos resultados”, explicou Azevedo.

Além disso, os voluntários devem ter sido diagnosticados diabéticos há mais de dois anos e há menos de dez. Não podem ser dependentes de álcool, cigarro ou drogas, nem ser portadores de doenças crônicas graves não relacionadas à obesidade, como câncer, Aids e distúrbios autoimunes.

Risco calculado

A meta é selecionar 20 candidatos. Outros dez voluntários saudáveis farão parte do estudo para servir de parâmetro metabólico. “Vamos avaliar a liberação de hormônios produzidos no trato gastrointestinal, como leptina, grelina e GLP1, que é um potente indutor de saciedade e também aumenta a sensibilidade à insulina”, disse Azevedo.

Os selecionados passarão por uma consulta com endocrinologista para potencializar o tratamento clínico. Após seis semanas, será feito um sorteio de dez pessoas que serão operadas. Os outros dez voluntários seguirão apenas com tratamento clínico.

Antes da cirurgia, todos passarão por uma bateria de exames, que inclui coleta de sangue, ecocardiograma, ultrassonografia e tomografia. “Vamos avaliar glicemia, colesterol, presença de placas ateroscleróticas em todo o corpo e se há acúmulo de gordura no fígado e em volta do coração”, disse Azevedo.

A segunda bateria de exames será realizada três meses após a operação e a terceira, dois anos depois. “Com todos os dados em mãos poderemos calcular o risco cardiovascular e ver em qual grupo ele diminuiu mais”, disse.

Agência Fapesp