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Vacina contra câncer cervical tem resultados iniciais positivos

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Pesquisadores dos Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira que testes de uma vacina terapêutica contra câncer cervical (do colo do útero) e lesões pré-cancerosas (que dão origem à doença) tiveram resultados positivos. Os cientistas apresentam o estudo em artigo na Science Translational Medicine, da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).

"O câncer cervical é a forma mais comum de câncer entre mulheres em países em desenvolvimento e a segunda em todo o mundo, com 493 mil novos casos e cerca de 274 mil mortes anualmente", afirmam os autores do artigo, pesquisadores da empresa Inovio, laboratório Lyndhurst e da Universidade da Pensilvânia, todos nos Estados Unidos.

Esse câncer é considerado, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 100% atribuível a infecção (sendo que 99,7% dos casos são causados pelo vírus HPV). Apesar de existirem vacinas profiláticas (preventivas) contra as formas mais perigosas do HPV, os autores do artigo afirmam que elas não conseguem tratar infecções pré-existentes e outras lesões associadas ao micro-organismo, por isso a necessidade da pesquisa de uma vacina terapêutica, ou seja, que combata o tumor já existente e lesões pré-cancerosas.

A nova substância, chamada de VGX-3100, trabalha especificamente contra os tipos 16 e 18 do vírus. Ela introduz um pedaço de DNA responsável pela produção de um tipo específico de proteína nas células dos pacientes. Esta produz outra proteína que comanda as células CD8+ T, do sistema imunológico, a atacar o HPV.

"Existem mais de 100 genótipos de HPV, mas os tipos 16 e 18 são responsáveis por 75% dos casos de câncer cervical, o que faz destes subtipos o foco para o desenvolvimento de vacinas e potenciais tratamentos", diz o artigo.

A VGX-3100 foi testada em 18 mulheres que já haviam passado por tratamento contra lesões pré-cancerosas. As pacientes receberam através de eletroporação - um pequeno estímulo elétrico que acompanha a injeção. Outras vacinas com DNA já haviam sido testadas contra o vírus, mas não tiveram bons resultados, mas a diferença está no uso de estímulo elétrico. Os cientistas observaram que a eletroporação induzia a uma resposta imunológica mais robusta contra o HPV. Além disso, os efeitos colaterais observados foram considerados leves.

"Apesar de a eficácia precisar ser testada em uma experiência de larga escada, o aprimoramento da resposta imunológica eliciada pela VGX-3100 pode atacar as células infectadas pelo HPV, potencialmente induzindo a regressão do câncer em indivíduos já infectados com o HPV", afirmam os editores da revista em comentário separado.