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Nasa cogita naves fabricarem seu próprio escudo em outros mundos

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A Nasa - a agência espacial americana - vai testar na semana que vem um escudo de calor que poderia ser feito com o solo da Lua, Marte ou de um asteroide. A ideia é testar a possibilidade da existência de uma nave que chegue a outro corpo sem escudo de calor e faça o seu próprio lá, o que permitiria uma viagem com bem menos peso e, portanto, foguetes menos potentes - ou, por outro lado, carregar mais equipamentos e suprimentos.

Escudos de calor são necessários para que uma nave não seja destruída na reentrada na atmosfera terrestre. Segundo anunciou a Nasa na quarta-feira, Michael Hogue, pesquisador do Centro Espacial Kennedy, deu a ideia em uma reunião no ano passado. Desde então, engenheiros testam diversas misturas e técnicas para ver se a ideia tem potencial. Até agora, os testes têm dado sucesso, com tijolos feitos dessas misturas resistindo a altas temperaturas.

"Existe uma faixa de qualidade da densidade que você necessita atingir em cada material na qual ele é leve o suficiente para ter pouca condutividade térmica, mas também seja estruturalmente forte para sobreviver às forças da entrada atmosférica. Todas as formulações que testamos com um maçarico conseguiram pelo menos isso", diz Hogue.

Esses tijolos passarão por um teste mais pesado na próxima semana. Eles serão levados ao centro de pesquisa Ames, na Califórnia, onde serão submetidos a correntes de plasma que terão condições de calor semelhantes às de uma reentrada atmosférica. O conceito, afirma a Nasa, mesmo que passe nos testes mais duros, ainda estará longe de ser operacional. Em uma escala de 1 a 9, onde a nota mais alta significa "elemento operacional", Hogue dá 1 ao projeto. Isso significa que esses materiais ainda passarão por uma série de avaliações, adaptações e invenções. Um disco feito deles pode, por exemplo, ser levado por uma nave ao espaço e de volta.

Os pesquisadores acreditam que a fabricação do escudo em outro mundo seria trabalho de um equipamento robótico, ou pelo menos um sistema altamente automático que possa fazer a mistura de solo em um molde que depois seria cortado pelos astronautas.

Como em Marte, na Lua e em asteroides a gravidade é bem mais fraca que na Terra, a nave poderia sair do nosso planeta sem o pesado escudo de calor e fabricá-lo em seu destino. Na volta, com uma atração menor, a saída com esse peso extra ainda seria bem mais fácil do que sair da Terra.