Uma nova
metodologia desenvolvida por pesquisadores do Instituto do Coração (InCor) da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) permite avaliar
crianças e adolescentes portadores de doenças cardíacas congênita e identificar
aqueles que têm mais risco de morrer ou de sofrer complicações graves se
submetidos à cirurgia corretiva..
Atualmente, há cerca de 560 pacientes com cardiopatias congênitas aguardando tratamento cirúrgico no InCor. O tempo de espera depende da gravidade do paciente, mas pode chegar a mais de dois anos, de acordo com a fisioterapeuta Emilia Nozawa, coordenadora da pesquisa.
A fisioterapeuta Emília Nozawa,coordenadora da pesquisa, idealizou um conjunto de testes para medir, entre outros indicadores, a capacidade cardíaca submetida ao esforço e à função pulmonar. Em seguida, identificou algumas variáveis que podem interferir positiva ou negativamente no resultado do procedimento cirúrgico.
Participaram da pesquisa 81 jovens com idade entre 7 e 18 anos, avaliados em três momentos: antes da cirurgia, no dia da alta hospitalar e 90 dias depois de deixar o hospital. Cinquenta pacientes completaram as três fases do estudo. Cinco morreram e quatro ficaram internados no hospital por um tempo maior que os 30 dias previstos. Os outros 22 não retornaram para a terceira avaliação.
Todos eles fizeram o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), que avalia quantos metros o paciente consegue andar durante esse tempo. Foi medida a saturação de oxigênio no organismo antes e após o esforço e o grau de cansaço.
Os pacientes também foram submetidos à espirometria, para avaliar a função pulmonar, e a um exame que mede a pressão inspiratória (PImax) e a pressão expiratória (PEmax), ou seja, a força muscular do sistema respiratório para contrair e relaxar.
Foi medida também a variação da frequência cardíaca e da pressão arterial. A coleta de dados começou em janeiro de 2009 e foi concluída em junho de 2011.
“Os pacientes que andavam menos que 422 metros no pré-operatório, tinham pequena variação do batimento cardíaco e saturação de oxigênio menor que 95% foram os que morreram ou ficaram muito tempo internados na UTI por causa das complicações”, disse Nozawa.
Outro indicador que se mostrou importante durante a pesquisa foi o índice de massa corporal (IMC). “Os pacientes com IMC mais baixo foram os que mais apresentaram complicações infecciosas no pós-operatório”, disse a pesquisadora.
Agência Fapesp