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O que será da Apple sem Steve Jobs?

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Steve Jobs, cofundador de Apple, morreu nesta quarta-feira, depois de ter anunciado, há pouco mais de um mês, sua saída da Apple por motivos de saúde. Logo, a preocupação dos especialistas da área era sobre o futuro da Apple, se a empresa conseguiria manter o ritmo e ditar as inovações tecnológicas.

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Mesmo com os conhecidos problemas de saúde de Jobs, os mercados receberam a notícia de sua renúncia como um jato de água fria. A segunda empresa do mundo em capitalização de mercado, com excelente saúde financeira, viu suas ações caírem mais de 5% na Bolsa de Nova York, após a notícia da morte de Jobs.

Desafios herdados

A Apple conseguirá inventar produtos tão revolucionários como o iPod, iPhone e o iPad sem Steve Jobs? "Aqueles que gostam de alta tecnologia e informática dizem "quem vai nos proteger da mediocridade e dos produtos baratos?" perguntou o antigo diretor da empresa da Apple nos anos 1980, Jean- Louis Gassée.

A consultoria Gartner foi muito mais otimista: "Acredito que a Apple vá se sair muito bem", disse o analista Van Baker. "Marca o fim de uma era, mas não podemos nos esquecer que a Apple é muito mais do que uma pessoa", afirmou seu colega, Michael Gartenberg.

Essa foi também a opinião de Fréderic Filloux, autor de Monday Note, uma publicação especializada no setor de novas tecnologias e meios de comunicação. "Não acho que será uma catástrofe, Jobs teve muito tempo para preparar sua sucessão e instalar uma cultura de empresa e organização interna, com pessoas de confiança que vão perpetuar o que ele começou".

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A organização

"O cofundador de Apple se preocupou com o futuro da empresa, o que levou Jobs a criar uma organização militar que tem quase uma política de ditadura em todos os lados e essa regra se aplica o tempo todo como um segredo quando se trata de um produto", disse.

"A Apple se concentra em linhas de produtos que são os mais simples possíveis, aí está a sua eficácia", afirmou Filloux. Isso permitiu que a Apple conquistasse ¿uma parte do mercado fenomenal com somente um modelo de telefone, o iPhone.

Cultura de qualidade

"Desde que assumiu as rédeas em 1997, Jobs quis criar essa cultura que o ponto de vista dele era inalterável, isso não vai ser perdido em dois anos", disse Filloux.

Para garantir a continuidade, há de um lado o ¿herdeiro¿ Tim Cook, que "é menos carismático que Steve Jobs, mas incrivelmente forte" e uma equipe responsável pelo desenho de alto nível sob o comando de Jonathan Ive. A isso acredita-se que a empresa está em boas mãos: "os diretores que estão na faixa dos 50 anos estão focado em seus trabalhos. Quase não há mudanças", segundo um especialista.

"Do ponto de vista da imagem, a saída de Jobs deixa a Apple órfã", disse Olivier Bomsel, da ParisTech. "Steve Jobs é a Apple, uma espécie de popstar ou um criador da moda. Nos encontramos no mesmo caso quando Christian Dior morreu ou da Chanel depois da morte de Coco Chanel", disse Bomsel.

"Na música, por exemplo, Jobs fez do iPod um emblema da experiência musical do consumidor quando antes quem fazia esse papel era o U2 e os Rolling Stones. Quem vai personificar agora a experiência da Apple?".

Steve Jobs morre aos 56 anos

O cofundador e ex-presidente do conselho de administração da Apple morreu nesta quarta-feira aos 56 anos, vítima de um câncer no pâncreas que vinha tratando desde 2003. Perfeccionista, criativo, inovador e ousado, ele ajudou a tornar os computadores mais amigáveis e revolucionou a animação, a música digital e o telefone celular. Jobs marcou o mundo da tecnologia ao apresentar produtos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad. Afastado da empresa desde 17 de janeiro para cuidar da saúde e sem prazo para voltar, o executivo renunciou ao cargo em 24 de agosto. "Sempre disse que, se chegasse o dia que eu não pudesse mais cumprir minhas funções e expectativas como CEO da Apple, seria o primeiro a informar. Infelizmente, esse dia chegou", dizia a nota à época.

A saúde de Jobs virou notícia em 2004, quando ele anunciou que passara por uma cirurgia para remover um tipo raro de câncer pancreático, diagnosticado em 2003, e que a operação fora bem-sucedida. Depois, em 2009, Jobs fez um transplante de fígado e ficou afastado da companhia que fundou ao lado do engenheiro Steve Wozniak por vários meses. Mesmo com as licenças, Jobs continuou ativo na tomada de decisões da empresa, chegando se reunir a portas fechadas com o presidente americano, Barack Obama, em fevereiro, e lançar o iPad 2, em março, surpreendendo ao subir ao palco para apresentar o produto.

Detalhes do estado de saúde de Jobs sempre foram um mistério. Uma fotografia que mostrava o executivo muito magro e com aparência debilitada (sobre a qual recaíram suspeitas de manipulação) foi publicada pelo site americano de celebridades TMZ dois dias após ele ter deixado o cargo de presidente-executivo da Apple. Em fevereiro, Jobs foi fotografado pelo jornal americano The National Enquirer na mesma clínica onde o ator Patrick Swayze, morto em setembro de 2009, recebeu tratamento para câncer de pâncreas.