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Estresse 'pode lesar cérebro de crianças', diz estudo

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Agência JB

LONDRES - Altos níveis de estresse podem causar lesões no cérebro de uma criança, sugere estudo do Centro Médico da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores descobriram que uma estrutura cerebral envolvida na memória e emoções havia encolhido em crianças com Transtorno do Estresse Pós-Traumático (PTSD, em inglês).

Um hipocampo reduzido pode fazer com que a criança tenha menor capacidade de lidar com estresse e eleva o grau de ansiedade, de acordo com artigo na publicação especializada Pediatrics.

As crianças no estudo também apresentaram níveis mais altos de um hormônio do estresse chamado cortisol que, como foi comprovado em animais, mata células do hipocampo.

Isto pode criar um círculo vicioso, onde altos níveis de cortisol causam mais danos no hipocampo que, por sua vez, eleva a ansiedade na criança.

Os pesquisadores de Stanford especulam que os danos que se seguem podem prolongar os sintomas de estresse e também interferir na terapia.

Victor Carrion, que liderou o estudo, explica: "Um tratamento comum para PTSD é ajudar o paciente a desenvolver uma narrativa da experiência traumática."

- Mas se o estresse do evento está afetando áreas do cérebro responsáveis por processar informação e incorporá-la em uma estória, este tratamento pode não ser eficaz.

Carrion disse que o estresse tem que ser extremo para causar lesões:

- Nós não estamos falando do estresse de fazer a lição de casa ou brigar com o pai.

As 15 crianças que ele e sua equipe estudaram sofriam de PTSD como resultado de abuso físico, emocional ou sexual, tendo presenciado violência ou vivido separação duradoura e perda.

Carrion disse que agora será importante entender a razão de algumas crianças parecerem mais resistentes a estresse do que outras, e os efeitos no longo prazo do estresse extremo.

Os especialistas já sabem que os genes e o ambiente em que uma pessoa é criada desempenham um papel, e que ter PTSD como criança aumenta o risco de depressão e ansiedade na vida adulta.

Estima-se que até uma em cada dez pessoas podem desenvolver PTSD em alguma fase da vida.

Joe Herbert, professor de Neurociência da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, disse que "há cada vez mais evidências de que adversidade no começo da vida pode ter posteriormente um impacto duradouro na saúde mental e física, e que pelo menos algumas dessas associações são resultado de mudanças na secreção de cortisol".

- A grande questão é se um hipocampo menor é um prenúncio de PTSD ou uma conseqüência.

Segundo ele, um estudo de veteranos de guerra com PTSD sugeriu que um hipocampo menor predispõe a PTSD, e não o contrário.