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Apesar de pressão, negociações sobre mudanças climáticas param

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REUTERS

OSLO - Governos do mundo todo estão avançando pouco nos esforços para prorrogar o Protocolo de Kyoto, um acordo de combate ao aquecimento global, disseram especialistas.

E a falta de avanços se verifica mesmo diante da crescente preocupação da opinião pública com as mudanças climáticas e os alertas da Organização das Nações Unidas (ONU) de que o problema representa uma ameaça de dimensões semelhantes à de uma guerra.

- Não estamos vendo os governos dizerem: 'Sim, vamos adotar novas obrigações, afirmou uma autoridade da ONU a respeito das negociações patrocinadas pelo Secretariado das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas.

Os maiores especialistas do mundo em questões climáticas chamaram atenção para a necessidade de agir ao divulgarem, no mês passado, um relatório segundo o qual há 90 por cento de certeza de que atividades humanas, principalmente as que envolvem a queima de combustíveis fósseis, são as responsáveis pelo aquecimento da Terra.

Rajendra Pachauri, presidente do painel de clima da ONU, afirmou que continua difícil prever o impacto político do documento, que também alertou sobre o perigo de, nos próximos séculos, o nível dos oceanos aumentar e de se intensificarem fenômenos como as secas e as enchentes.

Em um encontro marcado para acontecer em dezembro, em Bali (Indonésia), ministros do Meio Ambiente vindos de vários países devem acertar o início de negociações para prorrogar, para além de 2012, o Protocolo de Kyoto, um acordo selado sob o patrocínio da ONU.

Mas mesmo essa meta pode estar ameaçada. Muitas empresas desejam clareza a respeito de quais serão as regras para depois de 2012 a fim de que possam programar investimentos de longo prazo.

- Ninguém está disposto a falar sobre obrigações ou mandatos, disse uma autoridade da ONU.

- Agora, o melhor prospecto parece ser a de que, em Bali, seja selado um acordo sobre o âmbito das negociações futuras.

Ainda assim, as pressões da opinião pública continuam a aumentar.

E a Alemanha, atual presidente tanto da União Européia (UE) quanto do Grupo dos Oito (G8), transformou o aquecimento da Terra em uma questão de destaque.

Na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que os perigos impostos pela guerra à humanidade "no mínimo equivalem" às ameaças representadas pelas mudanças climáticas.

O maior problema nas negociações sobre a questão é que os países que mais emitem gases de efeito estufa -- os EUA, a China, a Rússia e a Índia -- não estão entre os maiores entusiastas de uma prorrogação do Protocolo de Kyoto, medida defendida pelos países europeus e pelo Japão.

No entanto, muitos congressistas norte-americanos, entre os quais alguns republicanos, estão pressionando o presidente do país, George W. Bush, para que aceite a imposição de metas de emissão.

Essas metas são a base do Protocolo de Kyoto, pelo qual 35 países ricos comprometeram-se a diminuir, até 2008-2012, suas emissões a níveis 5 por cento mais baixos que os registrados em 1990.