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Antártica deve ter a mesma relevância que Amazônia para o Brasil

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Agência Brasil

BRASÍLIA - O pesquisador do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), Jefferson Cárdia Simões, disse que estudos sobre a Antártica deveriam ser tão relevantes quanto pesquisas sobre a Amazônia. Simões foi o primeiro brasileiro a atravessar o continente antártico, trajeto feito entre outubro de 2004 e janeiro de 2005. Ele, que também é o primeiro glaciologista brasileiro, participou nesta quinta-feira do lançamento do 4º Ano Polar Internacional (API).

O programa, que vai até março de 2008, tem o objetivo de realizar pesquisas cientificas interdisciplinares no Ártico e na Antártica.

- Hoje, nós sabemos e temos fortes evidências e conhecimento científico de que para entender o clima brasileiro, a Antártica é tão importante como a Amazônia. E nós nos esquecemos muitas vezes que nós somos um país continental. O Chuí está mais perto da Antártica do que Roraima - explicou ele.

Ele destacou que a participação do país nessa quarta edição do evento é fundamental para a ciência brasileira.

- É essencial para as grandes questões que vieram à tona nas últimas semanas sobre o impacto do homem nas mudanças climáticas. É na Antártica que nós vamos ver os primeiros sinais das mudanças climáticas globais. O pesquisador lembrou que também foi na Antártica que nós comprovamos que é o homem que está modificando a composição da atmosfera do planeta Terra.

O Ano Polar Internacional é desenvolvido pela Organização Meteorológica Mundial e conta com a participação de 63 países que realizarão 227 projetos até 2011. O Brasil, que participará pela primeira vez ativamente do programa, desenvolverá 28 estudos e contará com R$ 9,2 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia.

- Temos projetos envolvidos com a questão da circulação oceânica e também sobre como essa circulação está relacionada com toda a cadeia alimentar do Atlântico sul - disse.

Simões coordena um grupo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que estuda os reflexos do gelo da Antártica no meio ambiente sul americano.

- O que nós queremos saber é como a circulação atmosférica oceânica dessa região do planeta é controlada pela Antártica.

O pesquisador destacou ainda a importância de entender o papel do aquecimento global no derretimento do gelo do planeta para saber como ele afetará o nível médio dos mares e as cidades costeiras.

- O que nós podemos falar é que o norte da península Antártica apresenta, ao longo dos últimos 50 anos, o maior aquecimento da atmosfera em todo o planeta.

Segundo ele, no local onde as pesquisas brasileiras serão realizadas (na península antártica) o aquecimento nos últimos 50 anos foi de 3 graus centígrados, enquanto que a média mundial, em 150 anos, foi de apenas 0,7 graus.

- É uma região extremamente sensível às variações climáticas e conforme foi visto recentemente, é lá que nós presenciamos processos muito rápidos, respostas muito rápidas do ambiente a essas variações climáticas. Então, nós temos que manter o monitoramento para inclusive servir de alerta.

A Antártica, segundo dados da UFGRS, tem uma área de 13,6 milhões de quilômetros quadrados, o que equivale a 1,6 vezes do tamanho do Brasil, cuja área é de 8,5 milhões de quilômetros quadrados.