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Briga por patente de tecnologia SED pode custar milhões à Canon

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REUTERS

TÓQUIO - Quando a Canon foi processada por uma pequena e deficitária empresa norte-americana de tecnologia, dois anos atrás, a disputa era sobre o licenciamento de uma patente que havia custado 5,6 milhões de dólares, pagos à vista pela gigante da eletrônica japonesa.

Mas agora o processo fez com que a Canon perdesse a licença, e um novo acordo com a Nano-Proprietary pode custar milhões de dólares a mais. Na semana passada, um tribunal norte-americano decidiu contra a Canon, afirmando que a empresa havia violado os termos de seu acordo com a Nano-Proprietary ao tentar compartilhar a tecnologia desta para TVs de telas planas com a Toshiba.

A decisão judicial representa um importante revés e um possível embaraço para a Canon, terceira maior detentora de patentes nos Estados Unidos.

- Parece estranho que a Canon prosseguido com o caso até o julgamento e ainda assim tenha sido derrotada, disse Peter Godwin, advogado do escritório Herbert Smith em Tóquio.

- Presumindo que eles tenham sido informados pela sua assessoria jurídica de que corriam esse risco, a expectativa seria de que uma empresa do porte da Canon chegasse a um acordo antes da derrota.

Agora, a Canon ficou sem planos para a produção em massa de telas de TV. A venda de novos televisores, que deveriam chegar ao mercado no quarto trimestre, estará limitada ao Japão, e a escala de produção será pequena.

O juiz ainda não decidiu sobre as alegações da Nano-Proprietary de que a Canon praticou fraude ao estender os direitos que havia adquirido sob o acordo original de licenciamento à Toshiba e talvez a outras empresas japonesas.

Quando Canon e Toshiba criaram uma joint-venture para produzir as telas, em 2004, o plano inicial era colocar o novo tipo de tela plana e estreita no mercado em tempo para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Mas foi essa parceria que terminou prejudicando as companhias japonesas, na disputa judicial decidida dois anos mais tarde. O acordo original conferia à Canon o direito de licenciar suas subsidiárias a usar a tecnologia da Nano-Proprietary. O grupo japonês alegou que sua joint-venture com a Toshiba era uma subsidiária, porque a Canon detinha uma ação a mais do que sua parceira.

Para resolver a situação, a Nano-Proprietary tinha oferecido negociar um acordo de licenciamento separado com a Toshiba nos mesmos termos que o acordo inicial fechado pela Canon, informaram fontes próximas da situação.

Mas a Canon acabou dizendo à sócia japonesa para não se preocupar e impediu a Toshiba de conversar com a Nano-Proprietary, afirmaram a fontes.

Porta-vozes da Canon e da Toshiba não comentaram o assunto, porque o processo está em andamento. Um representante da Nano-Proprietary também evitou comentar as conversas com as japonesas.

A tecnologia da Nano-Proprietary alvo do processo é usada em telas de televisores que usam a tecnologia de superfície condutora de elétrons (SED), que é considerada como capaz de gerar imagens mais brilhantes e de consumir menos energia que as atuais telas de plasma e cristal líquido.

Um novo acordo de licenciamento entre a Canon e a Nano-Proprietary pode criar um contrato do tipo "pague pelo o que usar" e ficar bem acima do valor do contrato inicial, disse o analista Kunihiko Kanno, do Credit Suisse, em nota a clientes.

E para dificultar ainda mais as coisas para a Canon, no início desta semana, a publicação especializada em tecnologia Smarthouse informou que a sul-coreana Samsung Electronics fez aproximações para obter acesso à tecnologia SED da Nano-Proprietary. O veículo citou uma fonte próxima da gigante asiática.

O porta-voz da Nano-Proprietary, William Spina, disse que a empresa falará com qualquer um quer esteja interessado no sistema.

- Nós conversaremos com a Canon, Toshiba, Samsung ou qualquer um que esteja interessado em acertar um acordo de licenciamento exclusivo ou não da tecnologia SED, disse Spina.