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Aquecimento pode extinguir espécies no Brasil, dizem estudos

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REUTERS

BRASÍLIA - Várias espécies animais e vegetais do Brasil podem acabar devido às secas, doenças e tempestades provocadas pelo aquecimento global em áreas como o Pantanal e a Amazônia, segundo estudos divulgados na terça-feira.

- Todo esse esforço para proteger nossa biodiversidade pode ser perdido, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no lançamento da pesquisa, coordenada pelo ministério e realizada por cientistas ligados a universidades e órgãos governamentais.

Estima-se que o Brasil reuna cerca de um quinto de todas as espécies vegetais e animais, e o governo investiu 300 milhões de reais desde 2003 para preservar enormes áreas, segundo o secretário-executivo do ministério, João Paulo Capobianco.

O principal dos estudos, realizado pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), diz que as temperaturas na Amazônia podem subir até 8 graus Celsius neste século.

Outros estudos prevêem a extinção de espécies de peixes devido ao aumento do nível dos mares, o que inundaria ilhas e estuários do sul com água salgada. Mais no interior, o Pantanal poderia secar e virar Cerrado devido ao calor e à escassez de chuvas.

De acordo com o Inpe, as principais áreas agrícolas do Brasil, no Sul e do Sudeste, já sofrem chuvas mais intensas, consequência do aumento de 0.75 grau Celsius na temperatura ao longo do último século.

O Inpe citou fatos como o recente furacão Catarina, o primeiro a se formar no litoral brasileiro em pelo menos mais de 50 anos, na costa de Santa Catarina.

Além disso, o calor pode acelerar o ciclo reprodutivo de insetos, facilitando a difusão de doenças como malária e dengue.

E, enquanto o Sul deve sofrer com mais chuvas, o clima pode ficar mais seco na Amazônia e no Nordeste.

Neste mês, climatologistas de todo o mundo a serviço da Organização das Nações Unidas (ONU) previram que as temperaturas médias do mundo devem ser elevadas em vários graus Celsius neste século devido às emissões de gases do efeito estufa.

O Brasil emite menos carbono do que outros países do seu tamanho em parte por causa da sua cobertura florestal e em parte porque quase metade de sua frota automobilística é movida a álcool.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, vem na próxima semana ao Brasil para discutir a cooperação bilateral no campo do etanol.

- Não conversei com o presidente Lula sobre o que ele vai conversar com o presidente Bush, mas a humanidade inteira cobra do presidente Bush que se tenha mais compromisso em relação a diminuição dos gases do efeito estufa, disse a ministra Marina.