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Agricultura não é responsável pelo aquecimento global, diz ministro

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Agência Brasil

BRASÍLIA - O ministro da Agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, defendeu nesta quarta-feira que a agricultura não seja responsabilizada pelas mudanças climáticas e aumento da temperatura do ar. Ambientalistas sustentam que diversas práticas agrícolas degradam o solo e causam a desertificação de algumas regiões, contribuindo para o aumento da temperatura do ar.

- Não se pode absolutamente atribuir à agricultura, no caso específico do Brasil, a responsabilidade pelo aquecimento global - disse o ministro, que participou do seminário Mudanças Climáticas e seus Efeitos na Agricultura, Recursos Hídricos e Saúde Pública.

O evento ocorreu na sede do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília. Guedes Pinto afirmou que o Brasil duplicou a produção de grãos nos últimos 15 anos, tendo aumentado em apenas 20% a área plantada. O ministro citou também os milhões de hectares que já foram utilizados e hoje são terras em descanso.

Quanto à área de pastagem, ele disse que a tecnologia existente pode reduzir cada vez mais a necessidade do uso da terra para plantação de capim.

- Eu diria que a situação é preocupante, que merece ser estudada detalhadamente. Essa discussão deve ser qualificada, deve ser feita com base no conhecimento científico hoje existente - acrescentou.

O técnico da área de meio ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Carlos Filho, afirmou que a entidade vai procurar cientistas e setor público para descobrir qual é a influência da agricultura no aquecimento global.

- Acreditamos que não só a agricultura, mas todos os setores, não só o industrial, não só o comercial, mas também a própria população estão ligados a esse problema do aquecimento, reconheceu o técnico.

O pesquisador do Inpe José Marengo, que apresentou ontem um estudo sobre as mudanças climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade brasileira, destacou no seminário os principais pontos do relatório do Painel Intergovernamental para Alterações Climáticas (IPCC). Divulgado no começo do mês em Paris, na França, o documento prevê que até o fim deste século a temperatura da terra suba até 4 graus.

O nível dos oceanos, segundo o relatório, vai aumentar de 18 para 59 centímetros, o que poderá levar 200 milhões de pessoas a abandonarem sua casas. O documento diz ainda que as chuvas devem aumentar cerca de 20% e que o aquecimento será mais sentido nos continentes. Sobre a influência das previsões do IPCC na agricultura brasileira, Marengo afirmou que a agricultura de subsistência do Nordeste pode ser a mais comprometida.Já no Sul e no Sudeste, regiões que usam mais tecnologia e variedades de sementes melhoradas, o impacto deverá ser menor.

- É possível combater a mudança climática ou se adaptar às mudanças climáticas com novas variedades, ou mudar um pouco o tipo de cultura, ou mudar as áreas a serem cultivadas - sugeriu o pesquisador do Inpe.

- Já o Nordeste é um problema porque se não chove não tem agricultura de subsistência e a população, ou fica imóvel, ou muda para outras cidades. Ou seja, o impacto existe, só que algumas regiões podem enfrentar melhor o problema do que outras - acrescentou.