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Projeto gigante pesquisará efeitos do aquecimento sobre pólos

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REUTERS

LONDRES - Milhares de cientistas de todo o mundo vão unir forças nesta semana para investigar os efeitos do aquecimento global sobre as placas de gelo do Ártico e da Antártida. O gelo das duas regiões polares vem derretendo mais rápido do que em qualquer outro lugar, provocando a elevação do nível dos oceanos e, possivelmente, mudanças dramáticas no regime de correntes oceânicas e nas cadeias alimentares.

O Ano Polar Internacional, que se estenderá até 2009, deve envolver 50 mil pessoas de 63 países em 228 projetos de pesquisa sobre o gelo, os oceanos e a temperatura. Esse é o maior estudo coordenado dos últimos 50 anos sobre as regiões polares.

- A realidade é que conhecemos muito pouco disso. A diferença agora é que sabemos o quanto isso é importante - afirmou Martin Siegert, da Universidade Edimburgo, em um evento realizado em Londres, um dos vários previstos para ocorrerem no mundo todo antes do lançamento oficial do projeto, em Paris, na quinta-feira.

Uma previsão sugere que, se a grande camada de gelo da Groenlândia desaparecer, o nível dos oceanos no mundo todo subiria cerca de 7 metros, deixando grandes áreas do planeta cobertas pelas águas. Esse dado, no entanto, perde importância diante da previsão de que o nível dos oceanos se elevaria em 200 metros caso todo o gelo da Antártida derreta.

- O aquecimento global é o problema mais grave já enfrentado por nossa sociedade - disse David King, cientista-chefe da Grã-Bretanha. - O gelo é o canário na mina de carvão do aquecimento global.

Cientistas de várias partes do mundo previram neste mês que as temperaturas médias da Terra devem subir entre 1,8 e 4 graus Celsius neste século, e isso devido ao gás carbônico liberado na queima de combustíveis fósseis na indústria, nos transportes e na geração de eletricidade e calor. Essa, no entanto, é a média global. A elevação das temperaturas nos pólos deve ser muito maior.

Corinne Le Quere, cientista que participa do projeto Pesquisa Britânica sobre a Antártida, afirmou que a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera flutuou entre 180 e 280 partes por milhão (ppm) durante 650 mil anos. Desde 1850, essa concentração elevou-se para 380 ppm.

- Estamos trilhando um caminho insustentável - afirmou.

A camada de gelo da Antártida possui até 4,8 quilômetros de espessura em alguns pontos e é responsável por armazenar 90 % da água doce do mundo. Ela também é crucial para a circulação das correntes oceânicas e, portanto, para a circulação das massas de ar no planeta.