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Animais exóticos são vistos onde antes havia gelo na Antártida

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REUTERS

WASHINGTON - Estrelas-do-mar alaranjadas, peixes-gelo e pepinos-do-mar estão entre as criaturas exóticas encontradas na costa antártica em uma área antes coberta por gelo, disseram cientistas neste domingo.

Essa foi a primeira vez que exploradoresa puderam catalogar a vida selvagem em uma área de 10 mil quilômetros quadrados sobre o mar de Weddel onde antes havia dois gigantescos blocos de gelo.

Com pelo menos 5.000 anos de idade, o primeiro bloco desintegrou-se há 12 anos, seguido pelo outro, em 2002.

O aquecimento global é visto como o culpado pelo desaparecimento dos blocos, disse Gauthier Chapelle, da Fundação Polar de Bruxelas.

- Esse tipo de colapso deve acontecer mais vezes - previu. - O que nós estamos observando provavelmente ocorrerá em outros lugares na Antártida.

O derretimento de blocos de gelo não deve contribuir diretamente para a elevação do nível do mar, mas glaciologistas acreditam que eles impeçam o movimento das geleiras através da Antártica em direção à costa. Sem os blocos, as geleiras podem se mover mais rapidamente, e isso contribuiria para a elevação substancial do nível do mar.

Desde 1974, 13,5 mil quilômetros quadrados de blocos de gelo se desintegraram na península Antártica.

Mas o colapso deu aos cientístas uma oportunidade única de ver o que se escondia por trás desses blocos; antes disso, os cientistas podiam apenas observar através de buracos profundos cavados no gelo.

Chapelle e outros cientistas de 14 paíeses viajaram à região no navio quebra-gelo Polarstern em uma expedição que durou dez semanas com o objetivo de investigar a vida submarina na península Antártica, a parte da Antártida que se curva em direção à América do Sul.

Observando a vida a 850 metros abaixo da superfície, eles encontraram uma fauna comumente associada a uma profundidade pelo menos três vezes maior, em lugares onde as criaturas precisam se adaptar à escassez para sobreviver.

Ali, eles encontraram o peixe-gelo azul, com barbatanas dorsais parecidas com hélices giratórias e sangue com poucas células vermelhas, uma adaptação que torna o sangue mais fluido e mas fácil de ser bombeado pelo seu corpo, conservando a energia a baixas temperaturas.

Longilíneas estrelas-do-mar, algumas com mais do que os cinco membros, misturavam-se aos peixes-gelo, e grupos de pepinos-domar foram observados ao mover-se todos juntos, numa mesma direção.

Os exploradores encontraram ainda uma outra espécie, chamada de seringa-do-mar e que se parece com bolsas gelatinosas, que aparentemente começou a colonizar a região apenas após o derretimento das placas.

Entre as centenas de espécies coletadas, os cientistas disseram ter identificado pelo menos 15 possíveis novas espécies de anfípodes e quatro de anêmonas.

Os animais serão analisados para verificar se realmente se tratam de novas espécies descobertas.