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A prática não leva à perfeição, revela estudo

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AFP

WASHINGTON - Passar horas aperfeiçoando um movimento de golfe ou um arremesso de basquete pode ser uma perda de tempo, segundo um estudo americano publicado nesta quarta-feira na revista Neuron, que concluiu que praticar muito uma atividade não necessariamente leva à perfeição.

A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Stanford após observar como o cérebro planeja e calcula o movimento, depois de treinar macacos para repetir uma tarefa milhares de vezes.

- O sistema nervoso não foi projetado para fazer a mesma coisa uma e outra vez, disse Mark Churchland, pesquisador de pós-doutorado, engenheiro elétrico e principal autor do estudo no qual os macacos recebiam recompensas ao executar a tarefa proposta.

No estudo, os cientistas recompensaram os macacos que evitavam tocar um ponto de luz colorido em velocidades diferentes.

Durante o exercício, os cientistas monitoraram o córtex promotor do cérebro dos macacos, responsável pelo planejamento do movimento, e rastrearam a velocidade do movimento resultante. Depois de milhares de tentativas, os macacos raramente se moveram precisamente com a mesma velocidade.

Segundo o estudo, pequenas variações na velocidade de alcance se seguiram a pequenas variações na atividade cerebral durante o planejamento do movimento, antes de os macacos começarem a alcançar o ponto luminoso.

Ao contrário da sabedoria popular que supõe que a variação de movimento tem sua origem na atividade muscular, os cientistas descobriram que a atividade neurológica explica quase a metade das variações.

Em outras palavras, passar horas fazendo arremessos de basquete não terá o mesmo resultado porque o comportamento do cérebro é inconstante.

Após um período de treinamento inicial, a precisão do feito dos macacos não melhorava com o tempo, sugerindo que muita prática só pode melhorar o controle do movimento até certo ponto, disse Krishna Shenoy, professora adjunta de engenharia eletrônica e neurociências em Stanford.

Os cientistas especulam que os humanos e os animais evoluíram com este "estilo improvisado" em resposta à dinâmica predador-presa, na qual os predadores nunca caçam suas presas nas mesmas condições.

"A busca de regularidade dos melhores atletas está em contraste marcado com a forma como evoluímos através da história", disse Shenoy.

Compreender como o cérebro controla o movimento pode ajudar a direcionar tratamentos para doenças neurológicas, como o mal de Parkinson, disse Shenoy