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Ouro pode favorecer tratamento do câncer

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AFP

PARIS - O ouro poderá um dia brilhar onde não imaginamos. Entre as várias pesquisas sobre as nanopartículas de ouro atualmente em andamento, uma delas aponta para a possibilidade de o ouro destruir células cancerígenas, segundo o Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS) francês.

As nanopartículas de ouro não são como ouro em pó. Com um tamanho inferior a 10 nanômetros (1 nm = 1 milionésimo de milímetro), elas têm coloração entre o vermelho e o violeta, segundo seu tamanho, e podem se tornar verdes ou azuis se sua forma for mudada (mais ou menos alongada).

Essas nanopartículas, que primeiro devem passar pelo teste de toxicidade, poderão participar da destruição das células cancerosas de duas maneiras, explicou Cécile Sicard, do laboratório de físico-química da Universidade de Orsay-Paris sul.

Há vários anos, as células cancerígenas são tratadas por quimioterapia e radioterapia. Uma das experiências consistia em "alvejar as células cancerígenas acoplando as moléculas assassinas a nanopartículas de ouro, que agiriam um pouco como mísseis". Esses trabalhos estão sendo desenvolvidos há três ou quatro anos na França, mas os cientistas ainda não conseguiram descobrir uma aplicação terapêutica.

Outra possibilidade, já testada pelos americanos em camundongos, é associar as nanopartículas de ouro a raios X para aumentar sua eficácia contra as células cancerígenas, explicou Cécile. Mas a utilidade das nanopartículas de ouro não termina aqui. Na história antiga, o ouro já era considerado portador de virtudes terapêuticas no Egito, na Índia e na China. Acreditava-se que ele poderia curar a varicela, a úlcera cutânea e o sarampo, disse Catherine Louis.

Diretora de pesquisa do Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS), no Laboratório de Reatividade de Superfície da Universidade Paris VI, Catherine liderou em novembro, em Paris, um grupo de pesquisa do CNRS chamado "GdR OrNano", que reuniu 130 pesquisadores (químicos, físicos, biólogos...) de 40 laboratórios franceses, para discutir as nanopartículas de ouro.

Hoje, as nanopartículas de ouro poderiam ter várias aplicações em óptica, eletrônica e química. Nesta última área, as nanopartículas poderiam ser utilizadas na luta contra a poluição e nos potes catalíticos ("mercado muito promissor", segundo o CNRS). "É realmente um dos materiais emergentes deste início do século XXI", estimou o CNRS num comunicado divulgado nesta terça-feira.

Menos caro e mais abundante do que a platina ou o paládio, o ouro tem uma resistência à oxidação que o torna mais atrativo do que os outros metais. Em eletrônica, surge a possibilidade de utilização de nanocabos de ouro como condutores num futuro próximo. A técnica já é adotada pelo gigante da eletrônica japonês Sony, por exemplo. - Outras tecnologias estão sendo estudadas para o controle da qualidade do ar, como a redução dos óxidos de azoto e a oxidação de compostos orgânicos voláteis, acrescentou Catherine Louis