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Bloco Eduardo e Mônica mistura rock nacional e samba em Brasília

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É um rock, mas um rock diferente. Os foliões acostumados com as marchinhas tradicionais, o samba e o axé abriram espaço na programação de carnaval para apreciarem a estreia do bloco Eduardo e Mônica, que homenageia a banda brasiliense Legião Urbana e demais grupos do rock nacional. Durante horas, o público cantou com a mesma animação sambas antigos, músicas dos Mamonas Assassinas e do rock brasileiro, embalado por DJs, baterias e grupos musicais da cidade.

Em seu primeiro ano, a atração trouxe fãs de diferentes idades, incluindo algumas crianças vestidas de super-herói, que não se importaram com a chuva que insistia em cair em Brasília na tarde deste domingo (26).

A programação musical foi eclética também nos instrumentos. No momento em que entrou em palco, a banda que leva o mesmo nome do bloco, a guitarra e o baixo dividiram espaço com um pandeiro, um surdo e um tamborim. As canções começavam com o tradicional solo de um rockqualquer, mas, logo depois, o cavaquinho entrava desacelerando o ritmo e fazendo a alegria dos apaixonados pelos estilos diferentes.

“O carnaval é democrático, não precisa ser aquele formato tradicional. Onde as pessoas quiserem estar juntas, curtir a cidade, um som bacana, é isso que vale”, comemora Renato Albuquerque. Autointitulado metaleiro, o gerente de projetos de 43 anos vestiu uma camiseta dos Beatles para aproveitar o novo bloquinho. Carioca, ele mora em Brasília desde 1980, o que o permitiu acompanhar o surgimento das primeiras bandas de rock da capital federal.

Cultura local

O empresário Pedro Henrique Gaspar, 33 anos, foi conhecer o bloquinho e elogiou a oportunidade de os foliões conhecerem melhor as bandas locais. “Quando a pessoa vai aos carnavais e vê que estão trazendo banda de rock, vê que tem banda local, é um sinal de que valoriza o cidadão de Brasília e a cultura local”, afirma.

Vestindo um chapéu colorido, com os olhos pintados de preto e um batom da mesma cor, Pedro, fã de Legião Urbana, Ozzy Osbourne, The Killers, Red Hot Chili Peppers e Paralamas do Sucesso compareceu ao Setor de Indústrias Gráficas, próximo ao Eixo Monumental, com a esposa e o filho.

Com o desenho de duas caveiras nas lentes dos óculos, uma peruca de cachos pretos e uma blusa com a palavra “rock” estampada, a administradora Cendiê Barbieri, 44 anos, contou que nunca passa o Carnaval em Brasília, mas dessa vez decidiu reunir a família na cidade. Ela diz adorar o ritmo musical e essa época do ano, então poder juntar os dois foi “perfeito”.

“Acho que isso é bom, porque Brasília é a cara do rock e do pop. Os melhores rocks da nossa fase começaram aqui em Brasília. Serei frequentadora assídua desse bloco”, prevê Cendiê.

Miscigenação

Um dos organizadores da farra, o cantor e compositor Diogo Villar explica que a ideia surgiu a partir da junção de múltiplas culturas que caracteriza a capital federal. “Brasília é a cidade da miscigenação. Todo mundo do Brasil vem pra cá. Então, nada melhor do que a gente tentar juntar o rock da cidade com a batucada que é o samba brasileiro. Várias bandas amigas que gostam do rock'n'roll e da música de Brasília decidiram fazer um bloco de carnaval”, diz.

Inicialmente, não seria permitida a entrada de bebidas, mas diante da insistência dos foliões na página do bloco no Facebook, isopores e garrafas plásticas foram permitidos. Villar, que também faz parte da banda, surgida há apenas um mês, revela que a interação dos internautas é essencial. “Foi uma coisa com que a gente se importou bastante. Rede social, hoje, não tem como a gente fugir disso. A gente descobriu que não faz nada sem a galera, sem o público”, afirma.

Antes da banda Eduardo e Mônica, que cantou sucessos do rock e do pop nacional, a Bateria Nota Show trouxe músicas tradicionais como O Amanhã e Olhos Coloridos. A canção Vou Festejarfez o público pular de alegria no intervalo das bandas, durante o som de um DJ. No início da noite, ao som de Tempo Perdido, da Legião Urbana, muitas pessoas ainda estacionavam nas proximidades.