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Bloco Então Brilha colore centro de Belo Horizonte de rosa e amarelo

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Com muita purpurina colorida no corpo, sobretudo rosa e amarelo, milhares de foliões ocuparam esta manhã (25) as ruas do centro de Belo Horizonte no desfile do Então Brilha. O bloco se consolidou nos últimos anos como o que arrasta o segundo maior número foliões na capital mineira, sendo superado apenas pelo Baianas Ozadas. Ainda não há um balanço final do público, mas no cadastro feito junto a Empresa Municipal de Turismo (Belotur), os organizadores previam cerca de 80 mil pessoas.

O Então Brilha tem sido também um dos blocos que mais tem atraído novos ritmistas nos últimos anos. Para se integrar à bateria, bastava participar das oficinas e ensaios. Mas este ano, foi necessário colocar um limite. "Ano passado alcançamos 700 pessoas tocando juntas. E aí deu tudo errado. Daí a partir de reuniões coletivas, decidimos que a bateria teria 250 ritmistas", conta o maestro Di Souza.

O ponto de partida do bloco é tradicionalmente a entrada do Hotel Brilhante, umas das muitas casas de prostituição da Rua Guaicurus. "É uma rua marginalizada, onde estão um grupo de pessoas marginalizadas, que convidamos para a nossa alegria. Queremos ressignificar esta via de alguma forma", diz o maestro Di Souza.

A escolha pela Rua Guaicurus como ponto de partida é um desdobramento do discurso dos integrantes do bloco em favor da inclusão das minorias. Eles também se colocam contra o preconceito, o machismo e a homofobia. Segundo Di Souza, esta característica está presente nas músicas, cujas letras são subvertidas. "Em vez de cantar o amor de Romeu e Julieta, nós exaltamos o amor de Romeu e Romeu e de Julieta e Julieta", exemplifica.

O arquiteto Artur Lacerda e a blogueira Rodrigo Ribeiro Bastos, assíduos no bloco desde 2013, consideram a melhor atração do carnaval de Belo Horizonte. Por isso, não faltou dedicação para a criação dos adereços. "Me inspirei na Vitória Secrets. Estou fantasiado de angel, porém na versão Então Brilha", conta Arthur Lacerda.

Origem e vanguarda

O Então Brilha surgiu em 2010 como uma ala de amigos em blocos do carnaval do Rio de Janeiro. No ano seguinte, essas pessoas se organizaram para desfilar na capital mineira, onde a folia com blocos de rua voltava a ganhar força.

O nome faz um brincadeira com a estrela do jogo eletrônico Super Mário Bros e é, ao mesmo tempo, uma referência a um poema do poeta russo Vladimir Maiakovski que diz: "Brilhar pra sempre, brilhar como um farol, brilhar com brilho eterno, gente é pra brilhar, que tudo o mais vá pro inferno, este é o meu slogan e o do sol". No hino do bloco , que faz referência ao poema, os foliões cantam em uma das estrofes que "gente é pra brilhar".

Segundo Di Souza, o Então Brilha tem assumido nos últimos anos a dianteira de diversas inovações no carnaval da capital mineira. "É um bloco que vai na frente, propõe novos rumos todos os anos. Em 2012, nós botamos o primeiro trio elétrico na folia de Belo Horizonte e em 2013 fizemos a primeira bateria aberta. Porque até então, as baterias eram compostas por amigos. Não havia essa cultura de poder tocar. Nós fomos um pouco responsáveis por isso", conta.