Com o enredo "Maria Bethânia: a Menina dos Olhos de Oyá", a Estação Primeira de Mangueira conquistou nesta quarta-feira (10) o título de campeã do Carnaval carioca. A escola, cuja última vitória é de 2002, conquistou seu 19º título.
Na apuração desta quarta-feira, a Verde e Rosa, que somou 269,8 pontos, disputou até os últimos quesitos o primeiro lugar com o Salgueiro, que vinha despontando como uma das favoritas e levou à Marquês de Sapucaí o enredo sobre a Ópera do Malandro, além da Portela, que desfilou com o enredo "No voo da águia, uma viagem sem fim..." e saiu da Avenida aos gritos de "É campeã!".
Mais próximo do final da apuração, na Marquês de Sapucaí, porém, a Unidos da Tijuca surpreendeu as favoritas ao título, obtendo 269,7 pontos, empatada com a Portela, e deixou para trás o Salgueiro, que somou 269,5 pontos nos nove quesitos avaliados pelos jurados (Samba-enredo, Enredo, Comissão de Frente, Fantasias, Mestre-sala e Porta-bandeira, Harmonia, Evolução, Bateria e, por fim, Alegorias e adereços.
>>Confira a comemoração da quadra da Estação Primeira
Veja a classificação final do Grupo Especial:
1º Mangueira 269,8 pontos
2º Unidos da Tijuca 269,7 pontos
3º Portela 269,7 pontos
4º Salgueiro 269,6 pontos
5º Beija-Flor 269,3 pontos
6º Imperatriz Leopoldinense 269,2 pontos
7º Grande Rio 268,8 pontos
8º Unidos de Vila Isabel 267,9 pontos
9º São Clemente 267,9 pontos
10º Mocidade 266,7 pontos
11º União da Ilha 265,8 pontos
12º Estácio de Sá 265 pontos
Mangueira explica enredo sobre a Abelha Rainha da música
Na sinopse do enredo, a escola do Morro da Mangueira explica que "A voz de Bethânia ecoa. Voz ancestral, ventre de águas claras onde repousa o Brasil menino. Voz que é o Brasil matuto, caboclo e sertanejo. Pátria indígena onde Tupã reina. Voz que é solo africano, caroço de dendê, água de moringa, búzio de enfeitar trança nagô. Expressão do Brasil épico e dramático. Colorido feito o cetim que adorna quem brinca o reisado. Árido, como o barro seco. Grave como o voo sonoro do carcará, rapina do sertão, música inaugural, grito que se alastra desde o Opinião. Mergulhada nas canções, Mangueira dá asas aos versos cantados, e, a partir deles, ergue a fantasia que é o pilar de seu carnaval. Prova do mel puro, doce e cristalino – néctar musical – da Abelha Rainha. Desfolha o velho livro. Declama a poesia, seleciona poetas, oferece os mais belos versos. Dá vez ao gesto, faz da folia teatro. Reconstrói o palco, solo sagrado onde a “bordadeira da canção” reina soberana.O vento sopra a cortina de confetes e serpentinas, o Recôncavo deságua no Rio tal qual as águas que lavam os caminhos".
Confira o samba da campeã de 2016:
Raiou… Senhora mãe da tempestade
A sua força me invade, o vento sopra e anuncia
Oyá… Entrego a ti a minha fé
O abebé reluz axé
Fiz um pedido pro Bonfim abençoar
Oxalá, Xeu Êpa Babá!
Oh, Minha Santa, me proteja, me alumia
Trago no peito o Rosário de Maria
Sinto o perfume… Mel, pitanga e dendê
No embalo do xirê, começou a cantoria
Vou no toque do tambor… ô ô
Deixo o samba me levar… Saravá!
É no dengo da baiana, meu sinhô
Que a Mangueira vai passar
Voa, carcará! Leva meu dom ao Teatro Opinião
Faz da minha voz um retrato desse chão
Sonhei que nessa noite de magia
Em cena, encarno toda poesia
Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção
De pé descalço, puxo o verso e abro a roda
Firmo na palma, no pandeiro e na viola
Sou trapezista num céu de lona verde e rosa
Que hoje brinca de viver a emoção
Explode coração
Quem me chamou… Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou… Chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá