CINEMA

Críticas - Dois filmes em escalas de grandeza bem diferentes

Entram em cartaz esta semana dois filmes com diferentes temas. Mas similares em suas observações: o tenso ‘A sala dos professores’ e o engraçado (bom humor negro) ‘Ficção americana’

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 29/02/2024 às 12:15

Alterado em 29/02/2024 às 12:15

O tenso 'A sala dos professores' é o representante alemão do Oscar 2024 Foto: Divulgação

'A SALA DOS PROFESSORES': O QUE É A VERDADE?

Cotação: quatro estrelas
‘Um jornal é tão bom quanto as verdades que ele diz’ era um slogan antigo deste JB. Mas, hoje em dia, o que é a ‘verdade’? Com tantas fakes news, manipulações, inteligência artificial, mesmo com provas, filmagens de câmeras e mais, a verdade nem sempre prevalece, mesmo que esteja esfregada na sua cara.

É o que acontece numa escola alemã de ensino médio. Casos de furtos começam a aumentar no local. Os alunos são os suspeitos. Funcionários, também. Então, uma professora (a ótima Leone Benesch) resolve investigar por conta própria, e consegue um flagrante (filmado). No entanto, não será tão fácil assim levar o caso adiante. A escola quer se proteger, os alunos se sentem ultrajados, o jornalzinho local distorce os fatos numa matéria editada e truncada e, no fim das contas, a professora, mesmo com ética e querendo a verdade, é confrontada e atropelada (até o racismo entra na jogada).

Um retrato cruel da sociedade atual. Filme que representa a Alemanha no Oscar 2024. Muito bom. E tenso.

 

'AMERICAN FICTION': O QUE É A FICÇÃO?

Cotação: três estrelas
O escritor Thelonious ‘Monk’ Ellison (Jeffrey Wright, excelente) é um negro culto que escreve romances densos que rendem prêmios e prestígio, mas não vendem. Endividado por causa de doença na família, ele descobre que o que vende hoje em dia é a mentira, o que o público e os formadores de opinião acham que é o ‘aceitável’. Daí, sob pseudônimo, ele vira um negro clichê, o único que a sociedade banalizada aceita: um camarada que veio do gueto, é meio bandido, só fala gírias e palavrões e, o melhor de tudo: está preso. Logo, seu livro, ‘Black’, viraliza, todos querem abraçar esta ‘vítima da sociedade’, uma editora compra os direitos, um estúdio de Hollywood quer fazer o filme. Monk sabe que tudo é uma grande mentira (e se sente muito culpado), mas é o que vende, todos querem o clichê, não o autêntico. A gente ri, meio sem jeito. *programado para estrear esta semana, o filme acaba de entrar no catálogo do Prime Video.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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