CINEMA

Mati Diop discute colonialismo na Berlinale com documentário sobre relíquias roubadas de Benin

Por RODRIGO FONSECA, de Berlim
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Publicado em 18/02/2024 às 19:09

Alterado em 18/02/2024 às 19:09

Mati Diop Foto: reprodução

Sob a bênção dos orixás, a atriz e diretora Mati Diop, franco-senegalesa que ganhou fama depois de conquista o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes com "Atlantique" (2019), abriu uma frente importante para as narrativas de não ficção na disputa pelo Urso de Ouro de 2024. Na manhã deste domingo, ela exibiu em solo alemão o .doc "Dahomey" - e colecionou elogios. A produção reconstitui o processo de regresso de 26 relíquias ao governo do Benin. São obras de arte (algumas de cunho religioso) expatriadas para a a França durante o jugo colonial de países africanas.

"Faço cinema para tornar os fatos tangíveis para as pessoas", disse Mati, na Berlinale.

Sua narrativa flerta com a fantasia ao dar voz a uma das estatuetas em trânsito, uma carranca que ganha o nome de 26. A partir dela, ouvimos reflexões sobre pertença, identidade e brutalidade da colonização. Em resposta ao JORNAL DO BRASIL, Mati destacou a presença do músico Wally Badaron, um colaborador de Carlinhos Brown.

"Esse filme nasceu como um projeto de ficção e eu queria que ele contasse com a dimensão de fantasia de um artista de origem africana", disse a cineasta ao JB. "Essa história fala da originalidade da nossa cultura".

Até o momento, o filme com mais chance de conquistar o Urso de Ouro de 2024, mesmo tendo rachado opiniões, é "La Cocina", do diretor mexicano Alonso Ruizpalacios ("Museu"), que aborda um dia e uma noite na rotina de um restautante, visto da ótica da cozinha. No sábado, o júri presidido pela atriz Lupita Nyong'o anuncia os ganhadores.

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