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Pag. 29 - Larica de público

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N estes tempos em que a discussão da legalização da maconha não é mais um assunto tão velado, com esta turma, não tem tabu nem vapor barato. Depois de uma bem-sucedida temporada em 2010, o diretor e o elenco de Monólogos da marijuana , versão brasileira de um texto americano envolvendo situações protagonizadas por usuários da erva amaldiçoada, volta à cena carioca a partir do dia 11, no Hipódromo Up, na Gávea O espetáculo original, que foi um dos mais aplaudidos da off-Broadway nova-iorquina (peças e musicais em teatros menores da Broadway), foi escrito pelos atores e autores americanos Arj Barker, Doug Benson e Tony Camin. O texto fala, com muito humor e ironia, sobre o uso da polêmica substância, combatendo os clichês existentes sobre o consumo da cannabis em diversas situações. O sucesso da peça fez com que a montagem ficasse cerca de dois anos em cartaz nos Estados Unidos.

A adaptação carioca ficou a cargo do diretor Emilio Gallo, e permaneceu quatro meses em cartaz no Teatro dos Quatro.

Agora, para “dar um dois” no sucesso, ela volta ao bairro, desta vez no Hipódromo UP, às terças e quartas-feiras, sempre às 22h, e fica por lá até 2 de março.

Segundo o diretor da montagem nacional, o trabalho foi muito bem aceito por causa da fácil comunicação da peça com o público e pelo modo como ela aborda um tema ainda tão controverso.

– Uma coisa que nos impressionou bastante é que muitos pais levaram seus filhos para ver a peça. Por outro lado, muitos filhos levaram os pais para ver o espetáculo – conta Emílio. – Isso prova que este assunto não é o bicho de sete cabeças que as pessoas pintam. O que fazemos não é apologia. Apenas levamos esclarecimentos e conhecimento sobre a maconha, que sofre de um preconceito histórico.

O diretor acredita que o humor é um instrumento muito interessante para proporcionar um primeiro contato do público com tema ainda delicado.

– O riso é uma ferramenta muito poderosa contra a hipo crisia porque, sem agredir, consegue desarmar as pessoas de preconceitos – entende Emílio. – Na peça, a gente não poupa ninguém. Lá, a gente debocha de todo mundo, dos caretas e dos doidões. A mídia usa este tipo de discussão de uma forma muito arcaica, sem chegar ainda a um debate pleno. Temos de lembrar que as coisas não ditas são mais perigosas do que as ditas.

O elenco da nova temporada sofreu uma pequena alteração. A atriz Stella Brajterman, coestrela da primeira montagem, foi substituída pelo ator Vitor Emanuel. Marcos Winter e Felipe Cardoso voltam a seus personagens. Emílio diz que a formação atual reaproxima Monólogos da marijuana de seu texto original.

– A Stella tinha entrado na nossa versão para que a peça pudesse ter uma visão feminina sobre o assunto – explica o ator Felipe Cardoso. – Nós já tínhamos esta intenção desde o início. Desta vez, resolvemos fazer um pouquinho diferente, voltando para a ideia dos amigos conversando em um pub e abandonando o estilo stand-up, mas mantendo sempre a mesma pegada. DOIDÕES – Dirigido por Emílio Gallo, Marcos Winter volta na nova temporada da versão brasileira da peça, que desta vez terá elenco inteiramente masculino.