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Veja fotos do Carnaval de rua do Rio; bloco Carmelitas junta o sagrado e o profano em Santa Teresa

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Por JB NO CARNAVAL
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Publicado em 11/02/2024 às 10:44

Alterado em 11/02/2024 às 12:42

A Banda de Ipanema saiu nesse sábado pelas ruas do bairro; é a folia mais prestigiada pelas travestis mais estreladas do Rio Foto: Alexandre Macieira/Riotur

SAGRADO E PROFANO NO CARMELITAS

As freirinhas mais charmosas de Santa Teresa abriram em grande estilo a temporada oficial de Carnaval de 2024 na cidade, na tarde de sexta-feira (9). Um dos mais tradicionais blocos do Rio, o Carmelitas celebra 34 anos de existência com um samba que reverencia o direito de cada pessoa ser aquilo que é. Ao som de versos como “olhei pro céu /e vi o homem voando / o arco-íris vai pintando / a igualdade e inclusão”, os 150 ritmistas da bateria arrastaram uma animada multidão de foliões pelas ladeiras estreitas do bairro boêmio, com fantasias de freiras - o símbolo do bloco - padres, anjos e demônios, mostrando o verdadeiro encontro entre o sagrado e o profano na festa mais democrática do planeta.

Em seu 15° ano como porta-bandeira do Carmelitas, Iara Santos trouxe em sua roupa as cores do arco-íris. Nascida em Santa Teresa e filha de um dos fundadores do bloco, fez questão de enaltecer o enredo:

“A gente quis representar a diversidade na nossa roupa. A minha raça, a minha cor, a diversidade de cada um. Estamos representando a realidade de cada um, o que somos em essência”, explicou.

Ao lado de Iara, o mestre-sala Edinei de Conte complementou:

“Nosso enredo fala sobre todas as cores, sobre inclusão, diversidade, principalmente sobre amor, afeto e respeito. Não importa quem você é, apenas respeite o outro”, resumiu.

O Carmelitas atrai gente do mundo todo movida pela magia de uma espécie de “lenda” da época de sua criação, em 1990. Diz a história que uma freirinha pulou o muro do convento para curtir o Carnaval na sexta-feira e só voltou na terça-feira gorda.

Turistas marcam presença no bloco só para conferir a história. É o caso de Haroldo Melo, de 32 anos, natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Em sua estreia na cidade, Haroldo chegou com o seu grupo, todo caracterizado de freira, e com o samba enredo na ponta da língua:

“Eu conheci o Carmelitas numa reportagem de TV. Já estávamos nos preparando desde outubro do ano passado. O bloco é maravilhoso! Só vai embora na quarta”, contou.

Até lá, tem muito Carnaval pela frente. Mais de 200 blocos desfilam na cidade até a Quarta-Feira de Cinzas. (com Ascom/Riotur)

O deputado estadual Carlos Minc abraça Cynthia Howlett no bloco Suvaco do Cristo Foto: Riotur

LOUCURA SUBURBANA LEVA O AMOR ÀS RUAS DO ENGENHO DE DENTRO

O clima de Carnaval invadiu o Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. Bailarinas, bate-bolas, colombinas e palhaços tomaram conta das ruas do bairro durante o desfile do bloco Loucura Suburbana, composto por clientes, funcionários e amigos do Instituto Nise da Silveira, além de moradores da redondeza.

Em 2024, o bloco teve o amor como enredo. O samba ‘Te amei, te amo, te amarei’, vencedor entre as 35 letras do concurso para escolher o melhor samba enredo, animou os foliões, que rapidamente decoraram os versos.

Autor do samba, Adilson Nogueira do Amaral, mais conhecido como Adilson Te Amo, contou que este é o terceiro samba que compõe para o bloco: “Minha família não gosta que eu venha ao bloco. Mas eu sempre dou um jeito e, por isso, coloquei na letra o trecho 'Não me segura, meu bem, estou aqui, é a Loucura Suburbana é onde eu vou me divertir”, explicou.

Adilson sofre de esquizofrenia e explicou que compor letras tem o melhorando a sua integração entre pacientes e não pacientes da saúde mental. “A loucura está nos molhos de quem vê”, afirmou.

O sucesso do bloco é então grande por mostrar a inclusão que turistas, até de outros, fazem questão de vir ao Rio para o desfile da Loucura Suburbana.

A psicóloga argentina Mariela Dri disse que conheceu o bloco durante uma temporada que passou no Instituto Nise da Silveira em 2021 por conta do trabalho e, desde então, participa do desfile.

“Eu fiquei cinco meses trabalhando aqui. Vim pra conhecer como era a saúde mental comunitária no Brasil. E conheci a Loucura Suburbana e fiquei apaixonada. E ao voltar pra Argentina levei um pouquinho do que estava acontecendo aqui para nós também começarmos a fazer um trabalho de cultura e desinstitucionalização lá. Estamos no início dessa reforma psiquiátrica” explicou, acrescentando: “E o Loucura Suburbana é mágico porque eles vão para a rua e, sem muitas palavras, estão transformando a visão que as pessoas podem ter sobre a loucura, sobre o sofrimento, a normalidade. Não há diferença.”

Durante o percurso - o bloco sai do Instituto Nise da Silveira - o cortejo segue pelas ruas do bairro - e os moradores vão para as calçadas jogando confetes e serpentinas nos foliões aumentando a alegria da folia.

“Já é uma tradição”, conta Jorge de Andrade, morador do Engenho de Dentro. “Todos os anos assistimos ao desfile do bloco, que é o mais bonito da cidade. Eu conheci a Nise (médica psiquiatra) e ela estaria muito feliz se estivesse aqui”, afirmou. (com Ascom/Riotur)

O bloco Terreirada saiu na Quinta do Boa Vista Foto: Riotur

O bloco Amigos da onça desfilou no calçadão da Praia do Flamengo. Sapo, serpentes, pássaros: todos são amigos da onça, e se fizeram presentes no bloco. Segundo Tarcísio Cisão, um dos compositores da música que dá nome ao cortejo, o "Amigos da Onça" representa a flora e fauna das florestas, uma temática mundial. "Somos amigos onça. Mas não tem só folião vestido de onça aqui. Há todos os tipos de bicho", conta o artista, e um dos fundadores do bloco Foto: Riotur

Bloco Suvaco do Cristo Foto: Gustavo Stephan/Riotur

Bloco Gigantes da Lira Foto: Alexandre Macieira/Riotur

Bloco Fogo e Paixão Foto: Fernando Maia/Riotur