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Desrespeito e rispidez em diálogos entre líderes e equipe podem colocar projetos em risco

Avaliação é de Eva Hirsch Pontes, coach executiva

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É conversando que a gente se entende. O ditado popular está inspirando organizações preocupadas com um hábito ainda muito comum: a falta de atenção à necessidade de manter um tom respeitoso na fala de líderes e chefes quando precisam se comunicar com suas equipes.

O efeito de palavras ríspidas e grosseiras durante o trabalho pode ser devastador, e não apenas para a autoestima do profissional que é alvo desse comportamento abusivo. O sucesso de um projeto pode ser colocado em risco. Pesquisa realizada com equipes médicas de Israel mostrou que ao serem expostos a comentários agressivos e desrespeitosos de um líder durante a execução de uma tarefa, os profissionais perdem a confiança no ambiente de trabalho – o que leva à insegurança, ao isolamento e até situações mais graves de conflito.

Não por acaso, a presença do mediador de conflitos é crescente nas empresas. Afinal, a solução sempre estará no diálogo, conforme avalia Eva Hirsch Pontes, coach executiva e professora convidada da Fundação Dom Cabral. Ela ressalta que equipes expostas à rispidez não compartilham informações e deixam de se ajudar. E que qualquer que seja a relação hierárquica em que se encontre o profissional que sentir-se ofendido deve sempre deixar claro que o comportamento desrespeitoso está prejudicando seu desempenho. Entretanto, destaca Eva, a abordagem deve ser cuidadosa e educada.

– Se estou me sentindo incomodado, devo chegar para a pessoa que está me incomodando, educadamente, e dizer isso. Não de uma forma crítica, e sim de uma forma propositiva. Não culpar o outro. Não dizer que ele está errado, mas explicar: quando você faz isso, me sinto triste, isso me deixa mal e não consigo produzir como eu poderia se a gente tivesse outro tom de conversa. A dica é que, mesmo sendo feito com educação, esse pedido atenda as suas necessidades. A chave é saber se expressar sem atacar – explica a especialista.

'Rispidez faz com que as pessoas se fechem'

Dependendo da área de atuação, do cenário e das condições em que o projeto é desenvolvido – prazos apertados, busca incessante por resultados melhores, cortes de orçamento e de pessoal – ser pressionado é até considerado normal. Entretanto, a coach Eva Hirsch Pontes ressalta que é preciso distinguir um pedido de urgência de um comportamento desrespeitoso.

– Está na forma de falar. Hoje em dia muitas empresas avaliam não só o que as pessoas entregam, mas como elas entregam. Se você tem um prazo para cumprir, está sob pressão, você pode chamar a equipe e falar claramente da finalidade da tarefa e da necessidade que você tem. Preciso receber isso, isso e isso, em tal prazo... E você pode falar isso de forma objetiva e, ainda assim, cuidadosa com as palavras. Rispidez não ajuda. Faz com que as pessoas se fechem. Não inovam, não arriscam, não pedem feedback. Em última análise, a rispidez acaba sendo mais um elemento a colocar pressão desnecessária, além da já existente na tarefa – afirma.