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A revolução verde da Embrapa

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), celebra, desde maio, 45 anos de uma trajetória de sucesso que mudou para sempre o perfil e a história do país. Neste balanço amplamente satisfatório devemos ressaltar o papel estratégico da estatal criada em 1973 para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, sendo ela própria a prova mais evidente de que investir contínua e pesadamente em conhecimento científico é a forma mais segura de distribuir riqueza ao conjunto de uma nação.

Pesquisas fundamentais tocadas nas últimas décadas pela Embrapa mudaram de vez a perspectiva de desenvolvimento do campo no país. E os resultados fantásticos gerados por sua busca por inovação, para o hoje viçoso setor agropecuário brasileiro, assentou-se no virtuoso tripé: formação de recursos humanos, estudos em redes e foco nos problemas dos agricultores. 

Nos seus primórdios, o alvo central da Embrapa era garantir segurança alimentar para o Brasil. Mas as suas conquistas acabaram indo para um patamar muito superior. O país é, hoje, uma potência agrícola eficiente e sustentável, perto de atingir a liderança na produção de alimentos. Em quatro décadas, a oferta de carne quadruplicou e a de frango, ampliada em 22 vezes. A produção de grãos saltou 555%, com o aumento da área plantada em só 163%. 

Com esses números, as crises de abastecimento de produtos básicos ficaram no passado. A Embrapa também ajudou, ainda, a diminuir o valor da cesta básica em 50% e a ampliar a presença do país nas exportações globais, com a condição de líder em tecnologia aplicada à agropecuária tropical, de onde se espera que saiam os alimentos necessários para a demanda de uma população mundial cada vez maior. Já estamos perto de 8 bilhões de bocas. 

A ONU estima que até 2050 a produção agrícola mundial precisará crescer 70%, sendo 100% nos países emergentes, para atender a demanda alimentar crescente, e isso sem contar os biocombustíveis. A empresa orgulho dos brasileiros não tem fugido dessa missão de consagrar o país como celeiro do mundo: ela segue investindo pesadamente nas técnicas mais avançadas aplicadas à lavoura e à pecuária, tais como clonagem, nanotecnologia e agricultura digital.  

A chamada revolução verde, como ficou conhecido o espetacular salto de produtividade do agronegócio brasileiro a partir dos anos 1970, via incorporação de tecnologias e de novas áreas produtoras, entre as quais se destaca o cerrado do Centro-Oeste, consagrou a ideia de que a fome no mundo resulta agora da má distribuição e de perdas entre a colheita e o consumidor – e não mais da escassez. A ONU calcula que só o Brasil, a cada ano, joga no lixo 26,3 milhões de toneladas de alimentos, sendo 45% de frutas e hortaliças. A Embrapa detalha essa estimativa: 10% das perdas ocorrem ainda no campo, 50% no manuseio e transporte, 30% em centrais de abastecimento e 10% no varejo e nas mãos dos consumidores. 

Nesse sentido, relatei na Comissão de Agricultura do Senado projeto que combate o desperdício de alimentos. Em tramitação na Câmara dos Deputados desde o ano passado, a proposta determina que restaurantes e outros estabelecimentos do tipo firmem parcerias com organizações voltadas à coleta e distribuição de doações de comida. 

A estatal desenha cenários para antever transformações e orientar projetos com foco no desenvolvimento sustentável da agricultura. Não tenho dúvida de que desafios serão vencidos e oportunidades serão aproveitadas. Com essa certeza, apresentei outro projeto, o PLS 594/2015, este de minha autoria, que inclui as despesas da União com ciência, tecnologia e inovação no grupo daquelas não sujeitas a contingenciamento do Orçamento. 

Como representante de um estado de longa tradição e forte expressão no setor agrícola, deixo registrado o meu agradecimento a essa empresa que ajudou decisivamente a fazer a grande revolução na agricultura da faixa tropical do planeta.

* Senador pelo PSD-RS