O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Santander Brasil volta a perder para Espanha

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Publicado em 30/04/2024 às 16:05

Alterado em 30/04/2024 às 16:05

Ana Botín é a dona do Santander Foto: Divulgação/Santander

Maior operação do Santander no mundo – com a compra, há mais de 15 anos do ABN Amro, que controlava o Real e tinha forte atuação inglesa com o Royal Bank Of Scotland, a filial brasileira tem 31,1 milhões de clientes ativos, à frente dos 13,8 milhões de clientes ativos do Reino Unido e dos 8,5 milhões de clientes ativos da matriz – o Santander Brasil abriu a temporada de balanços entre os bancos brasileiros e voltou a recuperar lucros no 1º trimestre de 2024. Teve ganho líquido de R$ 3,021 bilhões (+ 37% sobre o 4º trimestre e variação de 41,2% sobre o 1º trimestre de 2023).

Mas continuou em 2º lugar no lucro global da organização comandada por Ana Botin. O Santander lucrou 2,852 bilhões de euros no mundo, sendo 772 milhões na Espanha, com aumento de 65,5% sobre o 1º trimestre de 2023 e participação de 27% no lucro global. A filial brasileira ganhou 561 milhões de euros (+19,7% sobre igual período de 2023) e garantiu 19,67% do lucro da matriz, ainda longe dos tempos em que liderava os ganhos globais com mais de 30%. A filial do México ficou em 3º, com lucro de 411 milhões de euros.

Nas explicações da matriz, os resultados no Brasil relacionados com a reversão de passivos fiscais ascenderam a 261 milhões de euros, sendo 50 milhões da reversão de impostos. Nas provisões de 474 milhões de euros para devedores duvidosos houve um impacto positivo de 213 milhões de euros em impostos). “Como o impacto desses movimentos no lucro foi zero, nós os compensamos das linhas de conta subjacentes para facilitar a comparação entre trimestres”, disse a matriz.


OLM

Inadimplência ainda alta

No balanço divulgado nesta manhã no Brasil, o Santander mostrou ainda alta inadimplência. Os atrasos de pessoas físicas com mais de 90 dias ficaram estacionados nos 4,3% de dezembro, mas nas operações com pequenas e microempresas houve avanço de 4,1% para 4,4%, indicando que o Desenrola para Pequenos Negócios lançado pelo governo Lula pode ajudar. Nas grandes empresas (atacado) o atraso foi de 0,0% para 0,1%. O escore total subiu de 3,1% para 3,2%.

O Santander conseguiu reduzir as provisões para devedores duvidosos a R$ 6,043 bilhões no 1º trimestre deste ano, contra R$ 6,103 bilhões no 4º trimestre. O mais notável foi a redução frente ao 1º trimestre de 2023, quando houve o impacto das provisões de R$ 3,205 milhões para a Americanas e as provisões totais somaram R$ 11 bilhões. A queda foi de 63,24%.

Focus eleva juros para 2026

Com respostas apresentadas na última 6ª feira, antes da evolução das tratativas de cessar fogo entre Israel e o Hamas, nesta 3ª feira, quando o Banco Central fez a divulgação, a Pesquisa Focus pode ser ultrapassada pelos fatos nas previsões de curto prazo. A inflação segue dentro do teto da meta para 2024 e 2025.

Olhando no horizonte mais longo, o mercado fez ensaio de alta dos juros da Selic de 2026 de 8,50% para a mediana de 8,63%. Para 2024 a taxa foi mantida em 9,50% e em 9,00% para dezembro de 2025.

No curto prazo as provisões apontam para um IPCA de 0,35% em abril (0,32% nas respostas dos últimos cinco dias úteis); de 0,25% em maio (0,26% em 5 dias úteis) e para 0,17% (0,16% em 5 dias úteis) para junho. Como o IPCA foi respectivamente de 0,61% em abril de 2023; de 0,23% em maio; e de -0,08% em junho, a taxa em 12 meses (3,93% em março) cairia a 3,66% em 12 meses em abril e voltaria a subir ligeiramente até junho, mas ainda na faixa de 3,7%.

Economia esfria e sobe desemprego

A PNAD trimestral (janeiro-fevereiro-março) subiu de 7,4% no último trimestre de 2023 para 7,9%, segundo o IBGE, demonstrando que a desaceleração na economia provocada pelos altos juros do Banco Central, assim como atinge as vendas do comércio, vide Casas Bahia) não permitiu que o mercado de trabalho acolhesse 542 mil novos indivíduos que foram buscar colocação. A taxa, contudo, ainda é menor que os 8,8% de igual período de 2023 e a maior desde o 1º trimestre de 2014.

A população desocupada (8,6 milhões) cresceu 6,7% no trimestre e recuou 8,6% (menos 808 mil pessoas) no ano. A população ocupada (100,2 milhões), caiu 0,8% no trimestre (menos 782 mil pessoas) e cresceu 2,4% (mais 2,4 milhões de pessoas) no ano. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi a 57,0%, recuando 0,6 p.p. frente ao trimestre móvel anterior (57,6%) e subiu 0,9 p.p. frente igual período de 2023 (56,1%).

A taxa composta de subutilização (17,9%) subiu 0,6 p.p. frente ao trimestre móvel encerrado em dezembro (17,3%) e caiu 1,0 p.p. ante o trimestre encerrado em março de 2023 (18,9%). A população subutilizada (20,7 milhões de pessoas) cresceu 3,9% no trimestre (mais 770 mil pessoas) e recuou 4,0% (ou menos 870 mil pessoas) no ano.